sexta-feira, novembro 06, 2015

007 CONTRA SPECTRE (Spectre)



Boa notícia para quem estava com saudade dos filmes de James Bond tradicionais: 007 CONTRA SPECTRE (2015) respeita e retorna ao velho estilo leve, aventuresco e cheio de clichês criados ao longo dos anos pela franquia. Mas é uma má notícia para quem considerava um grande acerto filmes tão sérios, dramáticos e trágicos como 007 – CASSINO ROYALE (2006) e 007 – OPERAÇÃO SKYFALL (2012), que traziam algo de novo para uma série que parecia destinada à repetição.

Assim, não deixa de ser frustrante este quarto filme com Daniel Craig como James Bond, um Bond mais humano, mais sofrido, mas também mais forte e intenso nas cenas de ação. Nesse aspecto, pelo menos, o novo filme mantém o diferencial e Craig continua muito bem, mas o roteiro é cheio de problemas. Ele ter que dizer que o nome dele é “Bond, James Bond” é uma repetição que, na boca do ator, fica parecendo uma incômoda obrigação contratual, já que a ideia dos novos tempos seria fugir do aspecto satírico da franquia.

No novo filme, ele continua exageradamente irresistível às mulheres. Dentro de poucos segundos, Monica Bellucci já está entregando o ouro pra ele para, logo em seguida, desaparecer da história. E só demora um pouquinho para que Léa Seydoux já esteja dizendo que o ama, sem que sintamos qualquer aprofundamento no envolvimento afetivo dos dois, que se desenrola muito rápido dentro de uma situação de busca de um mistério envolvendo o pai de sua personagem e uma organização terrorista.

Talvez com medo de descaracterizar o personagem antes de passar adiante, os produtores sentiram a necessidade de uma volta às origens, de trazer de volta a Spectre, que tanto sucesso fez nos filmes estrelados por Sean Connery e Roger Moore, assim como o retorno de um certo vilão clássico. Com a diferença que aqui o vilão aparece bem menos caricato, por mais que Christoph Waltz seja quase que um ator de um papel só. Se a gente pensar no mal que ele fez ao herói, deveríamos ter raiva do vilão, mas não é isso que ocorre. O que sentimos é mesmo indiferença.

A produção do novo filme começou bem com um prólogo na Cidade do México, com uma boa ambientação no Dia dos Mortos e uma situação divertida envolvendo um avião. Até daria para traçar um paralelo com o prólogo de MISSÃO: IMPOSSÍVEL – NAÇÃO SECRETA. E eis que entra em cena os tão esperados créditos de abertura, que trazem algo de brega dessa vez. Sem falar que a canção-tema, “Writing’s on the wall”, de Sam Smith, é bem pouco expressiva.

Um dos aspectos positivos de SPECTRE é esse se deixar perder do personagem, ao investigar algo relacionado ao seu passado e sem se preocupar muito em querer ser verossímil, apesar de tratar tudo com muita seriedade. Quando há um senso de humor no filme, ele é muito sutil, até pela essência desse novo Bond traumatizado pela morte de pessoas queridas.

Algumas cenas de ação se destacam, como uma perseguição de automóveis e principalmente a luta do herói com o brutamontes vivido por Dave Bautista. Somando com a cena do prólogo, podemos contar essas três como as mais empolgantes, por assim dizer. A cena envolvendo uma bomba-relógio seria mais associada a uma atmosfera de sonho, devido ao lugar e à situação. Se bem que fico agora me perguntando se isso se deve ao fato de eu ter visto o filme com um pouco de sono. É possível.

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