terça-feira, abril 24, 2012

A CAIXA DE PANDORA (Die Büchse der Pandora)



Com a Liga dos Blogues resolvendo fazer um top 20 anos dos 1920, lá fui eu tirar o atraso de alguns filmes do período, a grande maioria, mudos. Foi aí que eu percebi que além de não ter visto obras essenciais do cinema, não tinha visto o suficiente para somar vinte filmes! A não ser que eu colocasse todos os Hitchcocks mudos que vi, incluindo os de que não gostei. Uma vergonha! A CAIXA DE PANDORA (1929) foi um dos que eu priorizei neste pouco tempo que me foi dado para tirar o atraso e elaborar o mais pobre dos meus tops. E logo em um momento em que eu estou bastante atarefado.

Mas nada como aproveitar a madrugada para ver um bom filme. É o melhor horário para ver qualquer tipo de filme, mas esses mudos são ainda melhores na calada da noite, com o espírito já menos inquieto e sem pensar muito nos problemas da vida e nas coisas que se tem que fazer no dia seguinte. A CAIXA DE PANDORA também tem como atrativo a beleza excepcional de Louise Brooks, essa americana extraordinariamente linda que foi parar na Alemanha, então um dos mais importantes polos de cinema do mundo. O diretor, Georg Wilhelm Pabst, gostou tanto dela que fez, logo em seguida, uma outra parceria com a atriz, DIÁRIO DE UMA PERDIDA (1929).

Como se vê, a personagem Lulu de A CAIXA DE PANDORA fez com que ela ganhasse esse status de grande intérprete de mulher vulgar. Acontece que, por piores que sejam as ações da personagem – não que eu veja algo ruim em qualquer coisa que ela faça no filme -, em nenhum momento ela parece vulgar. É que é impossível não amá-la, não ficar encantado com ela. O filme também é bem ousado e mostra algumas coisas que em Hollywood talvez não fosse possível, como o desejo que uma moça lésbica sente por ela.

O filme acompanha a ascensão e a queda de uma mulher que sempre ganhou a vida por causa de sua beleza e de sua habilidade em seduzir os homens. A CAIXA DE PANDORA é dividido em oito atos e cada um deles mostra uma condição da vida de Lulu, comparada no tribunal à Pandora da mitologia grega, símbolo da mulher causadora de todos os males, à semelhança do mito de Eva, da Bíblia. O filme, porém, não tem nada de misógino. Muito ao contrário: Lulu é vista como a mais humana das personagens e a única a quem acompanhamos, em seus momentos de prazer e dor, até o final.

P.S.: No Blog do Diário do Nordeste, notícia sobre O DUPLO, o novo curta-metragem de Juliana Rojas, a ser exibido em Cannes.