terça-feira, abril 17, 2012

ÁREA Q (Area Q)



O maior mérito de ÁREA Q (2012) foi ter conseguido chegar ao tão competitivo circuitão brasileiro. Ajudou o fato de já ter trailer anunciado antes dos últimos filmes produzidos pela Estação Luz, que trouxe a grande maioria das produções espíritas, e ao mesmo tempo ser vendido como uma curiosa ficção científica passada no sertão nordestino, mais exatamente em Quixadá e Quixeramobim, no Ceará, chamada no filme de Área Q, devido à sua alta incidência de casos de OVNIS e até de abduções. Inclusive, recentemente, num noticiário local, tive a oportunidade de ver uma pequena reportagem sobre estranhas luzes e barulhos que assustaram um pequeno vilarejo na zona rural de Quixadá.

Assim, o cineasta Gerson Sanginitto (de CADÁVARES 2, 2008) e o produtor Halder Gomes tinham pano pra manga para fazer a primeira ficção-científica Brasil-Estados Unidos. O ator convidado para protagonizar o filme foi Isaiah Washington, mais conhecido por sua participação na série GREY'S ANATOMY, mas que também pode ser visto em alguns trabalhos de Spike Lee. Se o ator já não é do primeiro time de Hollywood, os demais também não são rostos tão conhecidos, exceto, Murilo Rosa. Mas isso dá um gostinho de filme B que faz com que ÁREA Q seja respeitado por aqueles que não têm problemas com produções de baixo orçamento.

Na trama, Washington é um jornalista famoso que tem sua vida abalada pelo desaparecimento do filho. Passados alguns meses na tentativa de encontrá-lo, ele recebe uma proposta de cobrir uma matéria sobre discos voadores no sertão brasileiro. Inicialmente não gostando da ideia, acaba aceitando. E para sua surpresa, a viagem se tornará mais importante para sua vida do que ele jamais imaginaria.

Os problemas no filme são visíveis, desde imagens aéreas tremidas a interpretações problemáticas e uma história um tanto difícil de engolir, embora com uma conclusão até que satisfatória. Ainda assim, todos esses problemas podem ser relevados se o espectador se propuser a se deixar levar por uma história feita claramente com amor por seus realizadores, tentando vencer as dificuldades visíveis da produção. E ainda entregar um filme divertido. Não se trata de ser condescendente, mas de deixar clara a minha relação como espectador dessa obra única.

Quanto ao aspecto espiritualista do filme, ele é o mais difícil de engolir, não que não se possa dar uma boa liga com a ficção científica - um bom exemplo é PRESSÁGIO, de Alex Proyas -, mas em ÁREA Q essa característica é a que parece mais forçada, especialmente na cena em que os personagens de Isaiah Washington e Murilo Rosa se encontram. Ainda assim, não deixa de ser um dos momentos mais curiosos do filme, até pela utilização dos modestos efeitos especiais.

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