quarta-feira, abril 18, 2012

PRECISAMOS FALAR SOBRE O KEVIN (We Need to Talk about Kevin)



A história da relação de uma mãe com um garoto que seria responsável por um assassinato em massa em uma escola é um mote capaz de gerar um terror psicológico bem perturbador. PRECISAMOS FALAR SOBRE O KEVIN (2011), de Lynne Ramsay, tangencia o terror e o drama a partir do ponto de vista da personagem de Tilda Swinton, uma mulher que tentou dar o melhor de si para o filho, muito embora algumas vezes se mostre aborrecida com a criança, ou quase depressiva e apática, como quando passa com o bebê num lugar barulhento, com homens trabalhando.

O filme, aliás, trabalha muito com o barulho, com o ruído, e isso é um elemento que traz incômodo para o espectador. Há também o uso constante da cor vermelha, muitas vezes pingos vermelhos, simbolizando a tragédia que o rapaz cometeria. Kevin, tanto interpretado na fase jovem por Ezra Miller, quanto ainda criança, é pra lá de irritante. Isso para usar de eufemismo. E é possível ver o filme tanto como um derivado de A PROFECIA, sendo o rapaz quase um anticristo, quanto levando para o lado da psicologia, o que parece ser mais a intenção da diretora.

Mas do jeito que o filme mostra, torna-se quase impossível tomar partido de Kevin, que sempre está aprontando. Quando o filme mostra, por exemplo, o olho da irmã mais nova de Kevin com um tampão, já ficamos imaginando que aquilo teria sido obra do rapaz, já que o filme segue uma estrutura de idas e vindas no tempo. E com tantas coisas que o rapaz é capaz de fazer sempre com aquele sorriso maligno, não deixa de ser um alívio quando o filme chega ao seu ápice.

Embora PRECISAMOS FALAR SOBRE O KEVIN gere discussões interessantes sobre o quanto Kevin sofreu por não ter uma mãe que não tenha lhe dado amor e por causa disso se tornou aquele monstro, não consigo ver dessa maneira. Se fosse assim, a humanidade teria milhões e milhões de maníacos como Kevin ou Charles Mason. Já sigo mais uma linha de que o mal que a pessoa carrega vem além da genética: vem escrito em seu mapa natal. Mas esse é o meu ponto de vista e não tenho aprofundamento nenhum em psicologia para discutir o assunto com um especialista. Nem gostaria, pois estaríamos falando linguagens diferentes.

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