Parece que foi ontem quando um amigo chegou aqui em casa e trouxe uma fitinha contendo o álbum de uma banda que era a sensação do momento. Foi o mesmo amigo que me apresentou ao Metallica, ao Iron Maiden, ao Helloween, ao Anthrax, ao Pantera. De vez em quando ele trazia alguma novidade. Era 1991 e o disco tinha saído há pouco tempo. Ele botou pra tocar a primeira faixa, "Smells like teen spirit" e eu fiquei maravilhado com aquela energia, com aquele riff inicial seguido das porradas da bateria e de guitarra e baixo distorcidos. Mas se não fosse a veia pop, talvez o Nirvana não tivesse me conquistado.
Aos poucos é que a gente vai sabendo que por trás daquela banda que estava conquistando o mundo e passando como um furacão por todo o cenário do rock da época havia uma pessoa extremamente sensível e deprimida chamada Kurt Cobain. Ele faria 43 anos ontem, se estivesse vivo. Mas a sua morte parecia tão inevitável que fica até difícil imaginar o Nirvana ainda em atividade hoje. A trajetória de drogas, depressão e tendência ao suicídio de Cobain estava numa curva ascendente. Ia chegar uma hora que aquilo ia mesmo explodir. Só que por ele ser muitas vezes irônico, ninguém sabia que ele estava falando sério naquelas letras. Embora IN UTERO (1993) já fosse um prenúncio.
Comprei o dvd NIRVANA – LIVE AT READING (2009) impulsivamente. O preço ainda está um pouco salgado, mas a possibilidade de ver um show importante da banda com qualidade de imagem e som boas falaram mais forte. Assim que cheguei em casa, já despejei um bocado de energia com mais da metade do show. A primeira parte do show é mais cheia de hits; a segunda é cheia de lados B e experimentações loucas, quase que com o objetivo de mostrar para a plateia que aquilo era rock and roll, mas nem sempre precisava ser bonito.
Kurt Cobain entra no palco com uma peruca de velho, usando uma roupa de hospital e sentado numa cadeira de rodas. As fotos desse show, inclusive, foram parar no encarte de IN UTERO. Algumas faixas do disco, ainda com as letras cantadas de forma diferente, são usadas no show. O destaque vai para "All apologies", faixa que até pouco tempo eu não curtia muito, mas de uns tempos pra cá passou a ser uma das minhas favoritas; sei lá por quê. No show, antes de tocar essa canção, ele fala sobre Courtney Love e sobre o quanto as pessoas a odeiam. Ele pede para a plateia dizer em coro: "Courtney, we love you". Até hoje estou pra entender o sentimento que ele tinha por ela, a relação estranha que rolava. Parecia haver ao mesmo tempo algo de desapego e dependência, por mais opostos que os dois termos sejam.
O show, gravado em 30 de agosto de 1992, flagra a banda no auge, poucos meses antes de chegar ao Brasil para a memorável apresentação no Hollywood Rock 93. Até acho que o show apresentado no Brasil, apesar de não ser tão redondinho quanto o de Reading, traz momentos mais impactantes e que mereceria uma edição em dvd caprichada. O show de Reading começa com "Breed", depois vem com "Drain you", duas faixas energéticas do NEVERMIND (1991), para depois emendar com a lado B "Aneurysm". O final do show, com a destruição dos equipamentos, pode até parecer clichê hoje, mas no caso do Nirvana aquele ritual parece significar algo mais.
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