sexta-feira, setembro 04, 2009

HANGING SHADOWS



Uma coisa que não deve ser motivo para se animar em relação a documentários é o tema. Às vezes a gente fica entusiasmado com determinado assunto e, quando vai ver o documentário, se depara com algo pobre e até chato. É o caso de HANGING SHADOWS (2009), que lida muito superficialmente com o cinema de horror italiano. O que o diretor do filme consegue de bom são as entrevistas com Dario Argento (foto), Michele Soavi, Lamberto Bava, Ruggero Deodato, alguns cineastas que desconheço (quem são Sergio Stivaletti e Roger A. Fratter?), além de técnicos, roteiristas e críticos que tentam suprir a ausência de cineastas já falecidos, como Mario Bava e Lucio Fulci.

Uma das primeiras coisas que se menciona no documentário é a atual fase decadente do gênero. Dario Argento, um dos que mais participam do documentário, comenta da dificuldade de se conseguir patrocínio e apoio no cinema contemporâneo italiano. E ele até cita o fato de que o cinema de horror é um dos que mais fácil se pagam internacionalmente, como se pode ver com o sucesso de algumas cinematografias que se aventuraram pelo gênero, como a espanhola, a japonesa, a francesa e a sul-coreana. Claro que nem sempre um bom resultado nas bilheterias pode ser garantido. Depende de uma série de fatores, entre eles o problema da distribuição.

O que eu mais senti falta no documentário foram cenas de alguns filmes citados. Não deu para esconder o fato de que isso se deveu à pobreza da produção, que provavelmente não pôde conseguir os direitos para exibição de alguns trechos e encheu linguiça com cenas de alguns filmes de terror desconhecidos ou talvez sejam apenas cenas feitas especialmente para o documentário. O máximo que eles puderam fazer foram colocar fotos de cartazes dos filmes citados passando pela tela ou a imagem de uma televisão exibindo um dos filmes, como foi o caso de O PÁSSARO SANGRENTO, de Soavi.

Entre as declarações, uma das que mais me chamou a atenção foi a de Ruggero Deodato, que afirmou que não gosta de zumbis e fantasmas, que gosta de realidade. E falou que até se sente ofendido quando dizem que o seu CANNIBAL HOLOCAUST é um filme de horror. O depoimento de Argento sobre os filmes que o influenciaram também estão entre os momentos de destaque. Ele cita SANGUE DE PANTERA, A SÉTIMA VÍTIMA (o de Mark Robson) e O GATO PRETO (o de Ulmer). Achei bem coerente com o tipo de cinema que ele faz, que privilegia a construção de atmosfera. Ele conta, inclusive, que prefere ambientes luxuosos para mostrar cenas de horror e violência, pois acredita que torna o efeito muito mais eficaz. Não sei se concordo com ele, mas não deixa de ser interessante o seu ponto de vista. Claro que há muito mais no documentário, mas o resultado final não deixa de ser decepcionante. Talvez boa parte da culpa seja do tema, muito abrangente para um doc de apenas uma hora.

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