quarta-feira, setembro 23, 2009

EU TE AMO, CARA (I Love You, Man)



"Você, meu amigo de fé, meu irmão camarada..." Acho que nenhum outro artista vai representar tão bem o amor entre amigos quanto o Rei Roberto Carlos e seu popular e emocionante clássico. Mas isso não quer dizer que outros não possam celebrar esse sentimento tão bonito através da arte. E o cinema, em especial as novas comédias americanas, têm trabalhado com o tema da amizade entre homens de forma bem recorrente, puxados principalmente pelos filmes produzidos ou dirigidos por Judd Apatow, como LIGEIRAMENTE GRÁVIDOS e SEGURANDO AS PONTAS. Mas não foi Apatow quem fez o melhor filme sobre o tema na atualidade e sim o diretor de QUERO FICAR COM POLLY (2004), John Hamburg.

EU TE AMO, CARA (2009) nos apresenta um sujeito que cresceu sem nunca ter um amigo. Ele (Paul Rudd) sempre teve namoradas e relacionamentos duradouros e estáveis. Nunca teve tempo de cultivar uma amizade masculina. Mas só percebe isso quando está prestes a se casar e sente uma grande dificuldade em encontrar um padrinho para o seu casamento. Ele passa, então, a ir em busca de um amigo, o que gera algumas situações bem engraçadas, já que é muito fácil um dos supostos novos amigos que ele procura, principalmente pela internet, achar que ele não quer só amizade. É tudo muito difícil até o dia que ele tem a sorte de encontrar um sujeito legal (Jason Segel, de RESSACA DE AMOR e da série HOW I MET YOUR MOTHER). E assim como acontece quando conhecemos uma garota, o protagonista também fica na dúvida se deve ou não ligar para o cara, para tomar uns drinks, já que, por experiência própria, chamar homem pra jantar pode não ser uma boa ideia.

O filme aproveita vários dos clichês das comédias românticas e transfere para o que foi chamado de "bromance", um filme sobre duas pessoas que se amam, mas um amor fraternal. E diferente dos filmes de Apatow, que faziam piada desse tipo de coisa, quase insinuando uma relação homossexual, EU TE AMO, CARA leva um pouco mais a sério a situação. Há momentos, por exemplo, quando os dois amigos ficam sem se falar, que fica mesmo um clima tenso no ar, como numa briga de namorados.

Eu tive a sorte de sempre ter poucos, mas especiais amigos. E uma das maiores virtudes da amizade, em comparação com uma relação de namoro ou sexo com uma mulher, é a sua durabilidade. Eu, por exemplo, tenho um grande amigo de infância que, apesar da distância - hoje ele é casado, mora longe, cuida do filho e tem uma série de problemas -, quando nos vemos, nem que seja uma vez por ano, o papo é sempre muito bom. E uma coisa que eu tenho constatado e que contraria o que eu tinha visto em séries como SEINFELD e A SETE PALMOS é que é possível sim cultivar novas amizades depois dos 30 anos. Até porque é até preciso fazer isso quando os amigos da sua idade já estão quase todos casados ou distantes. Mas sei também que, dependendo do amigo, estar casado não é obstáculo para continuar se vendo com frequência.

Agradecimentos especiais ao amigão Zezão pela cópia.

P.S.: Uma nova revista digital está disponível para apreciação dos cinéfilos. Trata-se da Foco - Revista de Cinema, desenvolvida por Bruno Andrade e que já começa com o pé direito, fazendo uma radiografia da obra de Samuel Fuller.

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