quinta-feira, janeiro 26, 2006

CASSINO ROYALE (Casino Royale)



Nunca fui fã dos filmes de James Bond e nem tinha vontade de ver CASSINO ROYALE (1967), paródia dos filmes de 007 produzida por Charles Feldman. Comecei a ficar curioso para ver esse filme graças aos comentários recentes de Quentin Tarantino, que chegou a dizer que sonhava em fazer um remake do título. Com certeza, Tarantino faria algo bastante original e divertido. Meio sem saber o que pegar quando passei na locadora no último sábado, resolvi arriscar. Afinal, o filme tinha participações de Woody Allen e Orson Welles. Logo, não podia ser ruim, pensei eu. Ledo engano: CASSINO ROYALE é um dos piores filmes que eu tive o desprazer de ver nos últimos meses. É mais divertido ler sobre sua realização do que ter que passar mais de duas horas o assistindo.

E a história da realização de CASSINO ROYALE é das mais interessantes. No começo, a intenção de Charles Feldman era de fazer um filme convencional de James Bond, mas bem melhor do que as produções de Albert Broccoli - na época, já haviam sido realizados três filmes do 007. Porém, quando Feldman não conseguiu trazer para o seu filme nem o Sean Connery nem a música de James Berry, ele resolveu levar na brincadeira e transformar o seu produto numa paródia. A coisa estava tão bagunçada que ele contratou vários diretores, sendo que um não sabia o que havia no script do outro. Os cinco diretores creditados foram Val Guest, John Huston, Kenneth Hughes, Joseph McGrath e Robert Parrish. Além disso, uma dúzia de roteiristas meteram a mão no roteiro, inclusive Billy Wilder. Woody Allen também teve participação nessa colagem. Uma das melhores cenas é aquela em que ele, prestes a ser fuzilado, avisa para os soldados que o médico lhe disse que ele tem baixa resistência à morte. Essa frase acabou por se tornar uma das mais famosas de Woody.

O método de Feldman era contratar grandes astros como Peter O'Toole, Jean-Paul Belmondo e George Raft para trabalhar num único dia e engrossar a lista de atores presentes, que já incluía: David Niven, Peter Sellers, Woody Allen, Ursula Andress, Charles Boyer, William Holden, John Huston, Deborah Kerr e Orson Welles. Entre as fofocas da produção, dizem que Peter Sellers se desentendeu de tal forma com Orson Welles, que se recusou a contracenar com ele. Se não me engano, os dois não aparecem juntos, nem mesmo na cena em que os dois estão na mesa do cassino.

Se essa bagunça toda tivesse alguma função até que eu teria gostado, mas a verdade é que as piadas hoje não têm a menor graça. O filme não gerou nada além de sono em mim. Foi preciso eu assistí-lo "em fascículos". A melhor coisa de CASSINO ROYALE é a música de Burt Bacharach, que agrada desde o primeiro momento. Outra coisa boa do filme é o desfile de beldades sensuais. Além de Ursula Andress, vale destacar a presença de Joana Pettet no papel de Mata Bond, filha de James Bond com Mata Hari, entre outras moças menos conhecidas mas tão sexys quanto.

A nova versão de CASSINO ROYALE está no forno, mas acredito que se trata de um filme bem mais convencional. Não deve ser nada parecido com esse estrago de dinheiro de Charles Feldman.