segunda-feira, julho 07, 2014

PENNY DREADFUL – PRIMEIRA TEMPORADA (Penny Dreadful – Season One)



John Logan, criador de PENNY DREADFUL (2014), é o homem por trás dos roteiros de dois filmes de Martin Scorsese, O AVIADOR (2004) e A INVENÇÃO DE HUGO CABRET (2011), e do ótimo 007 – OPERAÇÃO SKYFALL (2012), para citar os seus trabalhos mais admiráveis. Este último foi dirigido por Sam Mendes, um dos produtores executivos da série. Dito isto, uma série que tinha tudo para ser uma cópia ruim da ideia de A Liga Extraordinária, de Alan Moore, acaba se tornando uma belíssima e bem cuidada produção.

E foi graças a essa série de fatores, e mais à presença de Eva Green e ao fato de a primeira temporada ter apenas oito episódios, que resolvi dar uma chance a mais esta série que lida com a mitologia de horror, tão cara à literatura inglesa. Assim, personagens de livros que hoje já estão em domínio público aparecem nesta história que se passa na Inglaterra Vitoriana.

Porém, apesar de termos personagens como o Dr. Victor Frankenstein, Dorian Gray e uma busca pela sumida Mina Murray, que foi sequestrada pelo mestre dos vampiros cujo nome não é mencionado, a principal razão de ser desta primeira temporada de PENNY DREADFUL não é nenhum desses personagens célebres, mas a misteriosa Vanessa Ives, vivida por Eva Green. Aliás, a atriz francesa desempenha o seu personagem tão bem que não é exagero dizer que é, muito provavelmente, o papel de sua vida.

A principal linha da trama envolve o desaparecimento de Mina e a busca incansável de seu pai, Sir Malcolm Murray (Timothy Dalton), pela filha, desafiando perigos terríveis, como monstros e vampiros. Para isso, ele começa a juntar um pequeno grupo de corajosos. Além de Vanessa, que já estava com ele há tempos à procura da salvação e do resgate de Mina, juntam-se um americano que sabe manusear muito bem uma arma, Ethan Chandler (Josh Hartnett), o jovem Dr. Victor Frankenstein (Harry Treadaway) e uma espécie de mordomo da família, um africano de poucas palavras chamado Sembene (Danny Sapani).

Fora do eixo principal, há tramas envolvendo um interesse amoroso de Ethan, o aparecimento da criatura de Frankenstein, o fascínio que o sempre jovem Dorian Gray desperta em homens e mulheres, e um mal incrustado no corpo de Vanessa Ives. Isso, aliás, é o que mais pesa a favor da série. Tanto que o melhor episódio é justamente o que se dedica exclusivamente a contar, através de um flashback, a história prévia da personagem, que envolve a família Murray, mas que principalmente tem a ver com seus próprios demônios pessoais. Literalmente falando. E isso faz da personagem muito rica e de sua história tão fascinante e muitas vezes assustadora.

No mais, PENNY DREADFUL tem uma direção de arte admirável, que recria em exteriores a Londres vitoriana, bem como interiores ricos e trabalhos de figurino e maquiagem também dignos de nota. Mas isso não seria suficiente se o elenco não fosse tão bem escolhido, o texto não fosse tão bom e a direção não criasse uma atmosfera gótica admirável.

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