sábado, maio 31, 2014

NO LIMITE DO AMANHÃ (Edge of Tomorrow)























Não deixa de ser admirável a força de vontade de Tom Cruise mesmo diante de uma fase em que ele deixou de ser um astro tão forte em termos de popularidade. A não ser pelos da franquia MISSÃO: IMPOSSÍVEL, seus filmes não conseguem bater outros blockbusters, especialmente os de super-heróis, nem ele está mais trabalhando com cineastas de primeiro escalão, como na década de 1990 até mais ou menos a metade dos anos 2000.

Em vez disso, tem trabalhado com bons artesãos, cineastas respeitáveis, mas não exatamente autores. Será que isso se deve ao fato de ele ser bastante controlador? De todo modo, seus filmes continuam sendo cinema de entretenimento de primeira qualidade e NO LIMITE DO AMANHÃ (2014) não foge à regra. E Doug Liman pode ser considerado um diretor de respeito, tendo no currículo filmes como VAMOS NESSA (1999) e A IDENTIDADE BOURNE (2002).

Como alguns críticos já disseram, NO LIMITE DO AMANHÃ é uma espécie de cruzamento entre TROPAS ESTELARES, de Paul Verhoeven, com O FEITIÇO DO TEMPO, de Harold Ramis. Lembrando também que o tema do looping temporal também foi explorado em CONTRA O TEMPO, de Duncan Jones. Porém, o filme de Liman é melhor do que o de Jones, tanto na produção de saltar os olhos quanto no bom roteiro, baseado no romance de Hiroshi Sakurazaka.

O filme se passa num futuro em que a Terra é invadida por formas de vida extra-terrestres que já tomaram praticamente toda a Europa. O personagem de Cruise é um oficial de alta patente que é convocado para estar junto com o grupo que servirá de ponta de lança num ataque aos monstros na costa da França, como ocorreu na Normandia, durante a Segunda Guerra Mundial e foi tão bem retratado em O RESGATE DO SOLDADO RYAN, de Steven Spielberg.

Porém, a violência de sangue e tripas de SOLDADO RYAN e principalmente de TROPAS ESTELARES parece quase impossível de se ver na Hollywood dos dias de hoje. Há que se fazer muitas concessões. Felizmente, o filme é suficientemente bom e impactante para compensar essas faltas. Além do mais, a primeira cena do "desembarque" dos soldados na praia para enfrentar os monstros é sensacional. Uma das melhores cenas de ação dos últimos anos em blockbusters.

As forças da Terra não são páreo para os invasores. E Cruise morre praticamente de cara. Para voltar ao começo do filme. E repetir tudo o que lhe aconteceu. Ele se descobre num looping, sem entender o que acontece, até encontrar alguém que passou pela mesma situação.

Outro ponto positivo está no fato de Cruise abandonar neste filme a persona invencível e supercool de outros trabalhos para fazer brilhar sua parceira, a super-guerreira vivida pela bela Emily Blunt. Por que ela é tão boa em ação, descobriremos mais à frente, ao mesmo tempo em que aumenta a tensão sexual entre os dois a cada vez que eles se encontram. Se bem que esse elemento é bem sutil, em virtude da preocupação em salvar o planeta e as descargas de adrenalina. Ainda assim, torcemos para que o herói fique com a mocinha. Ainda mais depois do tanto que sofre.

Talvez o filme só perca um pouco de fôlego perto do final, quando o excesso de repetições acaba tirando um pouco o impacto de sua primeira metade. Ainda assim, a conclusão é belíssima, no estilo "agora se morrer, não tem mais jeito", ficando no ar um clima de excitação e quase desespero. São raros os blockbusters atuais que conseguem dar ao público a satisfação de ter visto um filmão.

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