segunda-feira, novembro 12, 2012
O ANJO DA NOITE
Quando se encontra uma forte afinidade com um cineasta, poder ver um filme "inédito" seu se torna um acontecimento especial. É o caso de Walter Hugo Khouri, que felizmente deixou um legado precioso de 26 filmes. No entanto, seus trabalhos não têm sido tratados com o devido respeito. Se fosse nos Estados Unidos ou na França, um cineasta como Khouri já teria toda sua obra restaurada e remasterizada, com edições especiais e tudo o que merece. Aqui no Brasil, porém, há esse problema sério de falta de respeito com a memória de nosso cinema. Enquanto isso não acontece, comemoro a cada cópia que consigo.
O ANJO DA NOITE (1974) faz parte da dobradinha de filmes de horror que o cineasta dirigiu na década de 70 – o outro foi AS FILHAS DO FOGO (1978). Quem achar estranho Khouri ingressando no cinema de gênero é porque nunca percebeu o clima macabro que se encontra mesmo em seus filmes que abordam de maneira mais forte o erotismo. Seu colaborador habitual, inclusive, o músico Rogério Duprat, contribui bastante para instalar uma atmosfera sombria às histórias do cineasta.
Em O ANJO DA NOITE, Selma Egrei é Ana, uma estudante de psicologia que aceita passar o fim de semana como babá de duas crianças em uma mansão afastada da cidade. A dona da casa, vivida por Lilian Lemmertz, dá as instruções à jovem e a apresenta ao vigia noturno, vivido por Eliezer Gomes. Esse homem confessa a ela o quanto não gosta da casa, que carrega algo de maligno. As coisas ficam mais pesadas para Ana quando ela começa a receber estranhas e pavorosas ligações.
Ainda considero AS FILHAS DO FOGO mais aterrorizante que O ANJO DA NOITE, mas não resta dúvida que ambos são dois belíssimos filmes, que tanto funcionam perfeitamente na cinematografia bastante autoral do diretor quanto como cinema de horror. O ANJO DA NOITE parece mais simples em sua narrativa, mas também mais próximo do cinema de gênero, inclusive, sem ter o elemento erótico comum à obra khouriana.
Tanto Selma Egrei, com sua beleza ao mesmo tempo delicada e estranha, quanto Eliezer Gomes contribuem para a excelência do filme, mas há que se destacar também as crianças, principalmente o garotinho, de nome Marcelo, ou Marcelinho, como é tratado - a obsessão de Khouri pelos nomes Marcelo e Ana já é conhecida de quem acompanha sua carreira. E assim, com mais um Khouri visto, eu ganhei mais um dia. E só aumenta o meu respeito e amor por esse cineasta extraordinário.
Agradecimentos especiais a Carlos Primati.
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