domingo, novembro 11, 2012
ARGO
Tem sido muito interessante acompanhar a trajetória (bem sucedida) de Ben Affleck como diretor. E sempre com o elemento thriller bastante forte. Depois de dois ótimos longas-metragens, MEDO DA VERDADE (2007) e ATRAÇÃO PERIGOSA (2010), ele está de volta com um trabalho ainda mais ambicioso. Tanto que mal estreou e já foi logo sendo cotado como um forte candidato na corrida do Oscar. Provavelmente não ganhará nas categorias principais, mas tem fortes chances de comparecer entre os indicados.
ARGO (2012) conta a história real, que só veio à tona recentemente por ter sido uma operação secreta da CIA, de um agente que ousa resgatar um grupo de americanos escondidos na casa do embaixador do Canadá no Irã, durante o início do regime do Aiatolá Khomeini. O cenário no Irã não era dos mais agradáveis e o filme já começa contando brevemente a situação, do xá Reza Pahlevi, que pediu asilo nos Estados Unidos, o que foi motivo de revolta dos fundamentalistas iranianos, fazendo com que eles invadissem a embaixada americana e fizessem de reféns vários ocidentais. No entanto, seis deles conseguem escapar, escondendo-se na casa do embaixador canadense.
A história principal é que é quase inacreditável. Se Affleck não resolvesse colocar as fotos dos verdadeiros personagens nos créditos finais, ainda não acreditaríamos. Affleck interpreta o agente Tony Mendez, o homem que idealizou a ideia de se infiltrar no Irã como canadense, via Turquia, para resgatar os seis ocidentais prestes a serem descobertos e provavelmente enforcados nas ruas, que viraram cenários de horror. Sua ideia é a de fazer de conta que é um produtor de Hollywood e que quer fazer uma ficção científica com locações no Irã. Ele toma o cuidado de conseguir um script real, storyboards e até mesmo uma matéria de divulgação do tal filme em uma revista.
O filme falso se chamaria "Argo" e o seu suposto significado acaba por ser alvo de piadas por parte de um dos personagens coadjuvantes do filme, vivido brilhantemente por Alan Arkin. Aliás, ele e John Goodman, como os homens de Hollywood que auxiliam o agente da CIA, são os responsáveis pelos alívios cômicos de um filme que prima principalmente pela tensão, principalmente nas tentativas dos personagens de sair do Irã.
Aliás, se em ATRAÇÃO PERIGOSA já havíamos nos impressionado com o excelente time de atores que Affleck havia conseguido, em ARGO, o elenco é ainda mais admirável. Há interpretações brilhantes de Bryan Cranston, dos já citados Alan Arkin e John Goodman, e, entre as seis pessoas a serem resgatadas, destaque para Clea DuVall.
Outros méritos do filme são de natureza plástica, principalmente o cuidado com a fotografia, a cargo do mexicano Rodrigo Prieto (O SEGREDO DE BROKEBACK MOUNTAIN, ABRAÇOS PARTIDOS, DESEJO E PERIGO), de modo a torná-la semelhante a dos filmes da década de 1970. Affleck e equipe, inclusive, copiaram movimentos de câmera e cenas de escritório de TODOS OS HOMENS DO PRESIDENTE, de Alan J. Pakula, um dos thrillers políticos mais representativos da época. Para as cenas exteriores, o filme-modelo foi A MORTE DE UM BOOKMAKER CHINÊS, de John Cassavetes. Houve também um cuidado com a granulação do filme, de modo a se assemelhar aos filmes da época. Nem é preciso falar dos figurinos e da direção de arte caprichadas, pois isso é quase que uma obrigação de Hollywood.
E, assim, cada vez mais Ben Affleck vem construindo uma carreira de respeito, tanto como ator, tomando sempre o cuidado para ter uma interpretação discreta, mas principalmente como diretor. Para quem já foi alvo de piadas em filmes como PEARL HARBOR e principalmente em DEMOLIDOR, até que Affleck chegou longe. E se continuar seguindo este caminho seu futuro continuará sendo brilhante.
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