domingo, novembro 25, 2012

DAGON (Dagon / H.P. Lovecraft's Dagon)























É realmente uma pena que o último filme para cinema de Stuart Gordon tenha sido EM ROTA DE COLISÃO, já no distante ano de 2007, e para a televisão o assustador média-metragem EATER (2008), para a série/antologia FEAR ITSELF. Mas não estou aqui para reclamar do descaso que dão aos mestres do cinema de horror que foram revelados por volta dos anos 1980, mas especialmente para falar do quanto gostei de DAGON (2001), um dos trabalhos mais subestimados do gênero. Como bom especialista e admirador da obra de H.P. Lovecraft que é, Gordon fez um dos filmes mais respeitosos ao trabalho do escritor.

Pelo menos essa foi a impressão que ficou, já que recentemente eu li a sensacional HQ de Alan Moore, Neonomicon, que saiu lá fora pela Avatar e aqui no Brasil pela Panini. Trata-se de uma obra imperdível tanto para quem é fã do talentoso roteirista, quanto para quem se interessa pela obra de Lovecraft e por temas como cultos a deuses monstruosos. Nesse sentido, até mesmo aquele símbolo parecido com um olho que aparece na HQ está também presente em DAGON, na igreja dedicada ao culto à divindade das águas Dagon.

O filme já começa bastante interessante, com o protagonista (Ezra Godden) pesquisando algo no mar até levar um susto ao presenciar uma bela mas sinistra moça, que aparece a ele com um estranho sorriso no rosto e tentáculos saindo pela boca. Aquilo é um pesadelo recorrente e ele está no barco com a namorada (Raquel Meroño) rumo a Espanha. Aliás, vale lembrar que DAGON é uma produção espanhola, e que conta com um dos últimos trabalhos de Francisco Rabal para o cinema. O ator trabalhou com mestres como Luis Buñuel, Michelangelo Antonioni e Jacques Rivette. Em DAGON, ele é o único humano não transformado, no pequeno povoado de Imboca.

O estilo dinâmico de direção de Gordon faz com que vejamos o filme com os braços agarrados na poltrona e sem desgrudar os olhos da tela até o final. Os homens transformados em monstros do vilarejo são uma atração à parte, bem como a figura da princesa Uxia Cambarro, vivida pela bela Macarena Gómez. No mais, a tensão de ter que fugir do local se mistura com o senso de humor todo particular de um cineasta que já fez uma obra sem igual como RE-ANIMATOR (1985). Porém, esse humor um tanto sutil serve talvez para tornar o filme menos pesado. Outro cineasta, por exemplo, mostraria o rosto de um homem sendo arrancado de maneira bem mais perturbadora. E quanto ao final... que final. Sinceramente não consigo entender porque Stuart Gordon não é costumeiramente citado como um dos maiores nomes do horror mundial.

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