terça-feira, fevereiro 12, 2008

CLOVERFIELD - MONSTRO (Cloverfield)



Impressionante como o público vai ao cinema despreparado. E por conta disso, o péssimo e ridículo subtítulo que CLOVERFIELD - MONSTRO (2008) recebeu no Brasil é até justificável. Assim o povo pelo menos fica sabendo que se trata de um filme que tem um monstro. Mas poucos vão preparados para ver um filme com câmera subjetiva, treme-treme e final brusco, fora dos padrões clássico-narrativos. Mas tudo bem. Ninguém é obrigado mesmo a acompanhar sites ou blogs de cinema ou cadernos de cultura dos jornais antes de ir ao cinema. Mesmo assim, eu ainda acho que um pouquinho de informação não faz mal a ninguém. CLOVERFIELD me fez lembrar da noite em que fui com uns amigos para a pré-estréia de A BRUXA DE BLAIR e a namorada do meu amigo ficou incomodada com o jeito como o filme foi feito e ficou esperando o filme ficar "normal". E como essa normalidade não chegou, ela ficou frustrada e reclamando o tempo inteiro durante a projeção. Ainda assim, acredito que CLOVERFIELD é bem mais acessível e mais pop do que A BRUXA DE BLAIR, ainda que não esteja causando, pelo menos não aqui no Brasil, nem metade da repercussão que o glorioso filme da bruxa da floresta recebeu em 1999/2000.

Mas ao contrário da modesta produção supracitada, CLOVERFIELD tem efeitos especiais dignos de super-produção, essa a cabo de J.J.Abrams. A comparação se dá principalmente pelo fato de o filme também utilizar o recurso da câmera subjetiva para passar uma impressão de documentário. E CLOVERFIELD funciona durante os seus breves oitenta e poucos minutos de duração, que passaram voando pra mim, enquanto meu olhos ficaram grudados o tempo inteiro na tela. O primeiro ato do filme, que serve para apresentar os personagens, também é bastante interessante. Tanto que eu até tinha me esquecido do ataque do monstro e fui surpreendido, assim como os personagens, pelo incrível barulho causado pelo lagartão gigante em seu rastro de destruição. A surpresinha é que dessa vez o "bisneto do Godzila" não veio sozinho, trouxe um monte de monstrinhos menores, que causam ainda mais medo que o grandão. E falando nos "pequenos", apesar de previsível, a seqüência em que um dos personagens resolve colocar o recurso da sua câmera para enxergar no escuro é muito boa, com uma boa carga de tensão. Ainda que seja uma tensão também muito ligada à diversão, já que o filme não chega a assustar de verdade. Mas é um belo exemplo de produção que tenta sair do lugar comum das produções do gênero e consegue bons resultados. Claro que qualquer comparação com a obra-prima coreana O HOSPEDEIRO é totalmente injusta, por isso é melhor nem fazer.

Na trama, assistimos a uma fita confidencial, de propriedade do Governo americano, que serve como documento do impacto causado pelo monstro. Na fita, inicialmente conhecemos Rob e Beth. Depois de uma cena de intimidade dos dois, um mês depois, a mesma fita está sendo reutilizada para documentar a festa de despedida do rapaz, que está indo para o Japão, trabalhar como alto executivo da terra do Gojira. Durante a festa é que conhecemos os principais personagens, para termos pelo menos um mínimo de interesse por eles. Nem sempre o recurso da câmera subjetiva é convicente, já que a imagem que temos é incrivelmente boa e conseguimos ouvir sem nenhum problema o que o elenco fala, mesmo com toda aquela barulheira causada pelo caos na cidade. Mas acredito que isso deva ser relevado em prol da diversão que o filme proporciona. Agora é esperar uma continuação, já que o filme fez bastante sucesso nos Estados Unidos. Só resta saber se vão fazer como fizeram com A BRUXA DE BLAIR, utilizando-se de uma estrutura mais convencional, ou se vão fazer um trabalho visto por um outro ângulo, mantendo a proposta do filme original.

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