quarta-feira, fevereiro 06, 2008

ONCE



Depois de tanta badalação e maravilhamento por parte de tanta gente que o viu, e depois da indicação de uma de suas canções ao Oscar, eu me rendi e vi ontem ONCE (2006). A primeira pessoa que eu vi falando do filme foi o Renato, em seu blog. No início, não me animei o suficiente para baixar o filme. Mas ainda assim, ele me enviou uma cópia em divx. Só que ainda não haviam saído as legendas na internet e eu fiquei esperando elas aparecerem. E quando elas apareceram, em português, inclusive nas canções, elas não sincronizaram. Aí tive que baixar outra versão do filme, que sincronizasse com as legendas. Mesmo assim, deixo meus agradecimentos antecipados ao amigão Renato pelo empurrãozinho.

ONCE, MY SASSY GIRL, ENCONTROS E DESENCONTROS. O que esses três filmes têm em comum? Talvez o fato de termos personagens que se amam mas que não têm uma aproximação física maior, ficando só na vontade. Isso, no cinema oriental, deve ser comum, mas no cinema ocidental é algo excepcional. Talvez isto seja reflexo do que vem acontecendo na realidade, uma necessidade de exprimir esse tipo de relacionamento, que pode ser considerado frustrado para alguns, mas muitas vezes uma relação dessas é mais importante do que aquele amasso que a gente dá em alguém cujo nome é esquecido depois de alguns dias. Mas antes de ser um romance - ou além de ser um romance -, ONCE é um musical. Talvez uma renovação do gênero musical. Quem gosta de folk rock, estilo Damien Rice, com certeza vai curtir o filme. Desse tipo de música que tanto privilegia o vocal e a instrumentação delicados, como também a vontade de gritar, de deixar explodir o sentimento sufocado, através da música.

ONCE é um filme que aborda o relacionamento entre um cantor de rua (Glen Hansard), que também trabalha como consertador de aspiradores de pó com o pai, e uma jovem tcheca (Markéta Irglová), que simpatiza e curte o trabalho do artista, que não canta na rua só pelos trocados que as pessoas depositam, mas para mostrar o seu talento e suas canções extremamente sentimentais e que, em geral, falam do fim de um relacionamento. A simpática jovem logo pergunta pra quem ele fez essa música. Ele tenta enganar, dizendo que pra ninguém, mas ela sabe que canções assim nascem da dor. Assim começa, com naturalidade, o relacionamento desse casal solitário. A necessidade humana de estar com alguém é tanta que a vontade de exprimir um agradecimento sincero pelo fato de a pessoa ter estado ali ao seu lado por alguns minutos ou algumas horas é explicitada numa cena, também muito natural.

Quanto às canções, a primeira a encantar a audiência é "Falling Slowly", tocada no violão e ao piano, com Markéta fazendo backing vocal, justamente a que foi indicada ao Oscar. Estou torcendo para haver a cerimônia esse ano mais pra poder ouvir e ver novamente os dois atores/cantores interpretando essa canção. Que surge como mágica e, nesse sentido, a relação de construção de canções no filme lembra um pouco o hollywoodiano LETRA E MÚSICA, com Hugh Grant e Drew Barrymore. Mas acho que a minha favorita é "If you want me", cantada apenas por ela, num plano seqüência belíssimo, com a atriz seguindo a grua e descobrindo a mágica de colocar uma letra sua numa música de outra pessoa. Sem falar que essa é a única canção do filme que tem um quê de trip hop, o que acabou atraindo mais a minha atenção.

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