sexta-feira, maio 27, 2005

INTRIGA INTERNACIONAL (North by Northwest)



E cá estou eu de volta aos filmes de Alfred Hitchcock. Demorou, mas finalmente chegou o meu DVD de INTRIGA INTERNACIONAL (1959), um dos grandes filmes de aventura do diretor. O filme é uma espécie de resumo dos filmes de perseguição, envolvendo um homem inocente sendo acusado de um crime que não cometeu e se metendo em uma série de confusões. Se SABOTADOR (1942) já era considerado um remake de OS 39 DEGRAUS (1935), INTRIGA INTERNACIONAL seria um remake de SABOTADOR, tendo inclusive transferido a seqüência final na Estátua da Liberdade para o Monte Rushmore nesse novo filme.

Entre as vantagens desse filme em relação aos outros dois está a presença do sempre ótimo Cary Grant. Também tem o orçamento, que foi bem mais gordo. Esse foi o primeiro e único filme que Hitchcock fez para a MGM, mas a produtora lhe deu bastante liberdade. Só não conseguiu tudo que queria por causa principalmente do Governo americano que não lhe permitiu filmar dentro do prédio da ONU. Mesmo assim, ele conseguiu filmar escondido e incluir como retroprojeções no filme, além de ter tirado fotos e recriado o prédio em estúdio com perfeição. Também houve objeções do Governo sobre colocar os personagens no meio do rosto dos presidentes do Monte Rushmore.

Quanto à atriz, apesar de Eva Marie Saint ser muito boa, ela fica atrás das beldades que já passaram pela mão de Hitch, como Grace Kelly, Kim Novak e Ingrid Bergman. Por falar em Ingrid, INTERLÚDIO (1946) seria outro filme referência para INTRIGA INTERNACIONAL. Em ambos, há uma agente secreta que se relaciona afetivamente com um inimigo, a fim de passar informações para o governo americano.

Entre as seqüências mais famosas do filme está a cena de sete minutos em que Cary Grant é atacado por um avião em pleno deserto. Hitchcock conta em "Hitchcock/Truffaut" que sua intenção com essa cena foi mesmo fazer algo completamente inusitado, fugindo totalmente do clichê, trocando a noite pelo dia, uma rua escura por um deserto quente e um carro por um avião.

A trilha sonora de Bernard Herrmann está espetacular. Quando o filme começou com aqueles letreiros criativos de Saul Bass, e tocando o overture de Herrmann, eu já fiquei animado. Como fazia tempo que tinha visto o filme na cópia em VHS, foi quase como se estivesse vendo pela primeira vez.

O DVD da Warner traz, além do filme em widescreen e imagem cristalina, um making of apresentado por Eva Marie Saint de cerca de 40 minutos, um comentário em áudio do roteirista Ernest Lehman (que eu não tive paciência de ouvir ainda), dois trailers e algumas fotos. Não vejo muita graça em ver fotos em DVD. E áudios de comentário, eu geralmente tenho preguiça de ouvir/ler, principalmente quando não têm legenda. (Acho que gostar mesmo de comentários em áudio, os únicos que me divertiram de verdade foram os de DRÁCULA, de Tod Browning e os dos clipes do U2, do DVD THE BEST OF 1991-2000.)

Uma pena que esse DVD da Warner não esteja tão bom quanto aqueles da maravilhosa coleção da Universal, ou mesmo quanto esses novos da Warner, todos com documentários excelentes de Laurent Bouzereau. Também não gosto daquela caixinha de papelão, que se fecha na frente. Ela se deteriora mais fácil com o tempo e é um perigo se cair água em cima. Ainda assim, acho que o disquinho foi uma bela aquisição. Melhor que ter revisto o filme em VHS.