terça-feira, agosto 23, 2016

QUANDO AS LUZES SE APAGAM (Lights Out)



Não basta ter o nome de um diretor de prestígio no cartaz. Principalmente se ele aparece só como produtor. Nem M. Night Shyamalan conseguiu a proeza de ser um bom produtor no esquecível, embora não exatamente ruim, DEMÔNIO. Aqui o nome como grife é do maior nome do horror contemporâneo, James Wan, de SOBRENATURAL (2010), INVOCAÇÃO DO MAL (2013) e suas respectivas sequências.

Se Wan interferiu na produção, de alguma maneira, isso já nem importa. Se sim, é sinal de que não ajudou muito. Se não, é prova de que sua contribuição não foi no âmbito artístico em QUANDO AS LUZES SE APAGAM (2016), que mais parece um daqueles projetos feitos sem pensar muito. Como, aliás, Hollywood vem se especializando em fazer atualmente. Mal comparando, é como se pegassem um boneco ou boneca e tivessem a ideia de fazer um filme sobre ele o mais rápido possível, sem a construção de um roteiro minimamente criativo.

Tire o boneco e substitua pelo curta-metragem LIGHTS OUT (2013), um ótimo exercício de tensão e medo, que chegou a viralizar na internet. QUANDO AS LUZES SE APAGAM é baseado na ideia do curta e dá uma esticada de modo a criar uma história para essa criatura que habita as trevas e que só aparece na escuridão. Isso poderia ter rendido um filme bem interessante. Lembremos de outra obra que lida com a escuridão de maneira genial e assustadora, OS OUTROS, de Alejandro Amenábar.

Na trama de QUANDO AS LUZES SE APAGAM, o garotinho Martin (Gabriel Bateman) vive às voltas com o comportamento estranho da mãe, Sophie (Maria Bello), que passa por um período de luto e depressão depois da morte do marido. Mas o pior de tudo é que ela sempre conversa com alguém invisível em seu quarto, que depois ela diz se tratar de Diana, uma moça estranha que ela conheceu na juventude.

Mas quem é o protagonista mesmo da história é Rebecca, vivida por Teresa Palmer. Ela é a jovem filha adulta de Sophie e até já saiu de casa por causa do comportamento da mãe. O garotinho a procura e pede ajuda a ela, que resolve passar uma noite na casa assombrada pelo fantasma de Diana. A trama parece um tanto esquemática e falta ao diretor David F. Sandberg a mesma capacidade de assustar que ele parece ter em seu curta-metragem. Com um andamento preguiçoso, QUANDO AS LUZES VOLTAM tem um ou outro momento interessante e inventivo, como o uso de uma luz negra para perceber a presença de Diana, em um dos ápices do filme.

No geral, é aquele tipo de filme que pouco assusta, e que talvez por isso possa ser visto ao menos como pouco vulgar, mas ao mesmo tempo também pode ser considerado um exemplar medíocre do que vem sendo produzido atualmente no gênero. Infelizmente, no que se refere ao terror que chega às nossas salas, estamos vivendo tempos de vacas magras.

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