segunda-feira, janeiro 04, 2016
PÁSSARO BRANCO NA NEVASCA (White Bird in a Blizzard)
É uma raridade os filmes de Gregg Araki estrearem no circuito local. O último – e muito provavelmente único a entrar em cartaz em Fortaleza foi MISTÉRIOS DA CARNE (2004). Sendo o único filme visto, ainda que muito bom, não foi o suficiente para me deixar interessado a ponto de acompanhar a filmografia do diretor por outros meios. Assim, o meu caminho para chegar a PÁSSARO BRANCO NA NEVASCA (2014) foi através da vitrine de um fórum de compartilhamento de filmes e também pelo fato de ser um título que figura em algumas listas individuais de melhores do ano.
De fato, trata-se de um trabalho que merece a atenção, tanto pelo ar de mistério que carrega, quanto pela carga erótica. Este segundo elemento, pelo menos, parece ser algo comum na filmografia de Araki, que também tem uma especial predileção pelo universo dos jovens. PÁSSARO BRANCO NA NEVASCA traz uma cena de sexo – ou de preliminar de sexo, melhor dizendo – que é muito mais excitante que qualquer coisa feita no cinema mainstream recente. Trata-se da cena da visita de Kat (Shailene Woodley) ao apartamento de um policial.
Na trama, que se inicia no ano de 1988, Kat é uma jovem de 17 anos que convive com um mistério: o desaparecimento da mãe (Eva Green), que não era exatamente um exemplo de mulher carinhosa, nem com o marido, nem com ela, mas era a sua mãe, de certa forma um modelo. Através de pequenos flashbacks somos apresentados um pouco mais a essa mulher misteriosa e ao modo como ela se relacionava com a filha e o marido, bem como às suas frustrações, por não ser feliz no casamento e ter inveja do vicejar da filha, que namora o vizinho (Shiloh Fernandez).
O fato de o filme trazer cenas de nudez e sexo com uma atriz que é hoje mais conhecida por uma série juvenil (DIVERGENTE e suas sequências) não deixa de passar um ar um tanto transgressor, embora PÁSSARO BRANCO tenha sido lançado meses antes de sua série distópica e também de outro sucesso entre os jovens, A CULPA É DAS ESTRELAS, o que só mostra a versatilidade de Shailene ao transitar por trabalhos tão distintos.
Mas o legal de PÁSSARO BRANCO NA NEVASCA é que esse elemento erótico não eclipsa o aspecto sombrio e misterioso do filme, já que com frequência Kat sonha com a mãe, geralmente pedindo ajuda a ela. Chega um momento que o espectador descobre o que aconteceu com a personagem de Eva Green, mas isso já é mais perto do fim. E outro ponto positivo do filme é que mesmo esse fim foge do caminho que um thriller convencional seguiria. Mais um motivo para prestar mais atenção nas obras de Gregg Araki.
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