sábado, agosto 13, 2011

CADA UM VIVE COMO QUER (Five Easy Pieces)



Quando ensaiei meu retorno à leitura de "Easy Riders, Raging Bulls – Como a Geração Sexo-Drogas-e-Rock’n’Roll Salvou Hollywood", vi que tinha parado justamente quando o autor Peter Buskind estava falando sobre CADA UM VIVE COMO QUER (1970), de Bob Rafelson. Mas as informações sobre o filme e seus bastidores são mínimas, já que os destaques do capítulo são mesmo A ÚLTIMA SESSÃO DE CINEMA, de Peter Bogdanovich, e sua vida com as mulheres, e as presepadas de Dennis Hopper com seu THE LAST MOVIE.

Mesmo assim, CADA UM VIVE COMO QUER era uma lacuna para mim. Por que não aproveitar então a oportunidade para vê-lo? Até porque foram poucos os filmes de Rafelson que vi e que realmente me agradaram. Na verdade, ele foi um dos diretores da Nova Hollywood que não fizeram tanto sucesso assim nos anos posteriores. Mas, curiosamente, eu guardo uma boa lembrança de O MISTÉRIO DA VIÚVA NEGRA (1987), quando o vi na televisão, cerca de vinte anos atrás. Debra Winger e Theresa Russell foram suficientes para me deixar ligado. Taí um filme que merece uma revisão da minha parte.

Uma das grandes vantagens de CADA UM VIVE COMO QUER é ver Jack Nicholson formando a persona que se manteria presente nos filmes seguintes do ator, mas que aqui ainda aparece sem nenhum excesso. Ele interpreta um sujeito que veio de família rica, mas que prefere largar tudo para viver longe dali, nem que seja para trabalhar como operário. Ele é uma espécie de rebelde e que também não tem muita paciência com a namorada, a garçonete meio burrinha mas cheia de amor para dar interpretada por Karen Black.

O produtor do filme, Bert Schneider, era um dos mais influentes da nova Hollywood, tendo produzido boa parte dos filmes mais importantes dessa turma. Ele achou que estava fazendo um excelente negócio ao trazer um grande ator como Jack Nicholson por pouca grana. Nicholson ainda não se tocava o quão bom ele era. E realmente no filme ele está magistral. E CADA UM VIVE COMO QUER tem um ar europeu, que requer do espectador um pouco mais de boa vontade e uma boa noite de sono, mas que oferece em troca momentos de poesia visual. Destaque para a cena em que o personagem de Nicholson conversa com a mulher por quem ele realmente se apaixona (ou algo próximo disso).

Um fato curioso que consta no livro de Buskind é que Rafelson e Schneider controlavam a performance de Nicholson com drogas. Dependendo da cena, eles dariam a ele maconha ou haxixe. Não deixa de ser uma técnica interessante.

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