domingo, agosto 14, 2011

ROCKY, UM LUTADOR (Rocky)



Sinceramente, foi um baque pra mim. Não imaginava que ROCKY, UM LUTADOR (1976) fosse um filme tão belo, tão poético, tão carregado de emoções. Como alguém fala num dos documentários presentes na edição especial em dvd – acho que a Talia Shire -: é como se o universo conspirasse para a criação daquele filme, como se os astros estivessem todos posicionados a fim de que o jovem Sylvester Stallone criasse e interpretasse um personagem tão cheio de amor quanto Rocky Balboa, contratasse um diretor perfeito para a função (John G. Avildsen), convidasse um elenco perfeito em todos os sentidos para seus papéis e ainda contasse com um músico como Bill Conti, que faria uma trilha capaz de nos conectar com o filme muito além da sessão. Tudo isso gera tal carga de emoções no espectador muito difícil de se encontrar em outro filme.

Hoje em dia, várias pessoas têm preconceito com Stallone e não acreditam que um filme seu chegou a ganhar o Oscar principal, mas o fato é que essas pessoas não se deram a chance de rever ou ver esta obra de primeira grandeza, produzida com poucos recursos. Por causa do pouco dinheiro para a realização do filme, os produtores tinham tudo para se identificar com a figura de um boxeador decadente que recebe a chance de lutar com o campeão nacional de boxe, Apollo Creed (Carl Weathers). O que muita gente não sabe é que ROCKY é muito mais do que uma história sobre boxe, é principalmente uma das mais belas histórias de amor que o cinema já nos proporcionou. Amor principalmente de Rocky com Adrian (Talia Shire), mas também do jovem para com seu velho treinador Mickey (Burgess Meredith) e do público para com todos aqueles personagens, inclusive o irmão de Adrian, Paulie (Burt Young).

Aliás, ver no making of Burt Young chorando de tão emocionado ao lembrar as mais emocionantes cenas do filme, do amor que ele ainda sente por todos os envolvidos no projeto, só não chora quem tem coração de pedra. As tais cenas mais emocionantes do filme são o primeiro beijo entre Rocky e Adrian e o momento em que Mickey vai implorar a Rocky para ser seu treinador. E esses são apenas dois grandes momentos de um filme que parece perfeito em tudo. Todo o desabrochar de Adrian, por exemplo, de uma garota extremamente tímida para uma mulher feita e forte, a ponto de enfrentar o irmão numa cena de violência doméstica, tudo isso foi feito com uma sensibilidade incrível.

Num dos minidocumentários presentes no dvd, fala-se que o boxe é o esporte mais presente no cinema, que o boxe é quase uma representação do cinema, além de mostrar duas pessoas enfrentando-se totalmente sozinhas, como na vida; como se estivessem nuas diante de centenas ou milhares de pessoas. Charles Chaplin, Buster Keaton, Alfred Hitchcock, Leo McCarey, King Vidor, Robert Wise, Stanley Kubrick, Martin Scorsese, Michael Mann, Norman Jewison, Clint Eastwood, entre outros, usaram o boxe para falar de algo maior. Prova de que o próprio esporte, por mais brutal e violento que seja, tem o seu encanto e acelera as nossas frequências cardíacas. E quando tudo é feito com o coração, como em ROCKY, UM LUTADOR, aí, então, o espectador agarra o filme como a um ente querido.

E o mais bonito de tudo é que Sylvester Stallone é Rocky Balboa. Por isso que ele nunca fez outro personagem tão bem. Por mais que ele seja um ator-autor e elementos recorrentes estejam presentes em outros personagens seus como Rambo ou o presidiário de CONDENAÇÃO BRUTAL, para citar dois ótimos exemplos, nenhum deles será tão completo quanto o lutador romântico Rocky.

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