quarta-feira, julho 20, 2011
MILDRED PIERCE
E mais uma vez se prova que o formato minissérie é o ideal para a adaptação de um romance. Longas-metragens, ainda que se estendam por mais de duas horas, raramente dão conta de contar, sem atropelos, a história de um romance. Curiosamente, MILDRED PIERCE (2011), a minissérie que Todd Haynes dirigiu para a HBO, se inicia com "A Film by Todd Haynes". Quer dizer, não se trata apenas de uma autoafirmação de autoralidade num veículo que geralmente é mais de roteiristas e produtores executivos do que de diretores. O que estranha e ao mesmo se admira é ele usar o termo "filme", como se a minissérie se tratasse mesmo de um longo filme de mais de cinco horas de duração. E no caso de MILDRED PIERCE, como é uma minissérie totalmente dirigida por Haynes, há uma regularidade que justifica o termo.
Ainda que eu tenha gostado da minissérie já na primeira parte, foi na segunda que MILDRED PIERCE me pegou de jeito. Chorei umas quatro vezes no espaço de uma hora. A história da dona de casa que teve que se virar sozinha depois que o marido a deixou para ficar com outra durante a Grande Depressão americana – o filme inicia o relato em 1931 – é cercada por grandes momentos dramáticos. Trata-se de um belo melodrama classe A, herdeiro de Douglas Sirk, como o próprio Haynes já havia mostrado ser devedor em LONGE DO PARAÍSO (2002). A presença de Kate Winslet contribui bastante para o sucesso da produção. A atriz desempenha com desenvoltura as diversas fases pelas quais a personagem vai passando gradativamente ao longo da história. Geralmente histórias de mães que se dedicam e se sacrificam por seus filhos me deixam bastante comovido. E MILDRED PIERCE não foi exceção.
Quem também se destaca no filme é Guy Pearce, o homem que se torna amante de Mildred. Ele personifica bem o sujeito esnobe. Brían F. O'Byrne como o marido de Mildred também está bem e, à medida que a história avança, passamos a gostar mais dele, que nunca deixou de ser um pai devotado e amado pelas duas filhas. A mais velha, interpretada por duas atrizes, Morgan Turner e Evan Rachel Wood, é especialmente um exemplo de menina arrogante, mas que nunca deixou de receber o amor da mãe, mesmo depois de brigas. Gosto particularmente de uma cena em que o maestro chama a menina de serpente.
Só depois de alguns episódios é que fui saber que "Mildred Pierce", o romance de James M. Cain, já havia sido adaptado para o cinema em 1945 e o filme é até bastante famoso: ALMAS EM SUPLÍCIO, dirigido por Michael Curtiz e estrelado por Joan Crawford, que inclusive ganhou o Oscar de melhor atriz. O filme já está na agulha para ser visto e comparado.
MILDRED PIERCE é campeã de indicações ao Emmy 2011, sendo indicada às categorias de minissérie, atriz (Kate Winslet), ator coadjuvante (Guy Pearce e Brían F. O'Byrne), atriz coadjuvante (Melissa Leo, Mare Winningham e Evan Rachel Wood), direção, roteiro, direção de arte, elenco, fotografia, figurino, edição, penteado (!), maquiagem, trilha sonora (parte 5), tema musical, edição de som (parte 5), mixagem de som (parte 5) e efeitos visuais (parte 5).
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