segunda-feira, julho 04, 2011

A FALTA QUE NOS MOVE



Ainda existe um pouco de preconceito com relação a realizadores de outras áreas ingressando no cinema. Seja vindo da publicidade, das artes plásticas ou do teatro. É o caso da diretora Christiane Jatahy, que veio do teatro e trouxe para as telas esse exercício experimental interessante que chega para enriquecer e trazer variedade para o cinema brasileiro. A FALTA QUE NOS MOVE (2011) já é conhecido de quem o viu nas Mostras de São Paulo, do Rio e de Tiradentes em 2009, mas só agora estreia no circuito comercial, com poucas cópias.

O filme é adaptação da peça "A falta que nos move ou todas as histórias são ficção". Na transposição para as telas, os atores filmaram durante treze horas consecutivas para se ter um resultado de cerca de 100 minutos após a edição. Os cinco atores (os mesmos da peça) são convidados para ficar numa casa à espera de uma sexta pessoa. Enquanto isso, eles preparam um jantar, tomam champanhe e vinho, conversam, brigam, discutem e falam sobre assuntos interessantes e de maneira até bastante natural. Há semelhança com o Big Brother, principalmente com o fato de você simpatizar mais com um ou outro personagem. Porém, com a desvantagem de não termos tempo suficiente para conhecermos melhor aquelas pessoas. Além do mais, o fato de sabermos que há uma pessoa comandando suas ações, deixa no ar a dúvida se o que estamos vendo é pura encenação ou se há algo de verdade.

A FALTA QUE NOS MOVE também guarda semelhanças com uma experiência recente de Beto Brant, O AMOR SEGUNDO B. SCHIANBERG, filme de que eu até prefiro. Uma das diferenças entre o filme de Brant e o de Jatahy está no fato de que o da diretora começa a perder a essência da "verdade" à medida que se aproxima do final. Em certos momentos, o filme também ganha um ar de pedantismo que chega a incomodar. Sem falar no clímax, no momento de maior embate no grupo, que pareceu mesmo encenação. Puro teatro filmado. Ainda assim, é um filme que mantém o interesse até o fim e que tem os seus momentos memoráveis, como os debates acerca de gerações.

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