sexta-feira, julho 22, 2011

ASSALTO AO BANCO CENTRAL



Era só questão de tempo fazerem um filme sobre o assalto à agência do Banco Central de Fortaleza. O fato em si já era "cinematográfico": o segundo maior assalto a banco de todos os tempos, o maior do Brasil. Tudo bem que o ideal era um filme do nível de um TROPA DE ELITE, mas não se pode ter tudo e a estreia de Marcos Paulo na direção, mesmo tendo seus tropeços aqui e acolá, é um bem-vindo retorno do cinema brasileiro ao gênero policial, que era bastante popular nos anos 1970, mas que foi perdendo a força nas décadas seguintes.

O maior ponto em comum de ASSALTO AO BANCO CENTRAL (2011) com TROPA DE ELITE é a presença de Milhem Cortaz e de algumas frases de efeito usadas como alívio cômico. Aliás, nem dá bem para falar de alívio cômico, pois ASSALTO AO BANCO CENTRAL peca por não trazer a necessária dose de suspense que um filme de assalto deveria ter. Mesmo assim, é prazeroso ver a construção do enredo e dos personagens, alguns deles feitos para fazer o público rir, como o do irmão gay da personagem de Hermila Guedes.

A maior parte das filmagens foi realizada no Rio de Janeiro, mas algumas externas de Fortaleza são reconhecíveis, como a Ponte dos Ingleses e a Av. Santos Dumont perto das dunas. O fato de ser um filme de ficção também deu a liberdade para os roteiristas tomarem os fatos reais apenas como inspiração para o roteiro. Ainda assim coisas como a imprensa ter noticiado a possibilidade de o crime ter relação com o PCC e de um dos assaltantes ter escondido milhões em um caminhão cegonha aparecem no filme.

A edição inicial, intercalando ações presentes e futuras, do ponto de vista dos bandidos e dos policiais, é um ponto a favor do filme. Pena que isso vai se dissipando antes da metade, fazendo de ASSALTO AO BANCO CENTRAL um filme bem ordinário do gênero. Por outro lado, o ótimo elenco, ainda que mal utilizado, de vez em quando traz momentos bons, como Tonico Pereira cantando "comer Tatu é bom..." ("Mundo animal", a canção dos Mamonas), enquanto o Tatu (Gero Camilo) usa as suas ferramentas para aumentar o túnel. Talvez quem ainda tenha escapado um pouco do caricato tenha sido Eriberto Leão, uma das pontas do triângulo amoroso entre Hermila Guedes e Milhem Cortaz. Quanto aos policiais vividos por Lima Duarte e Giulia Gam, eles não têm a mesma sorte em seus retratos. Entre prós e contras, o filme até que se sai bem para quem não espera muito.

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