quarta-feira, dezembro 17, 2008
TERRA VERMELHA (Birdwatchers - La Terra degli Uomini Rossi)
Já não é mais privilégio do cinema produzido nos Estados Unidos e na Europa dispor de cineastas estrangeiros interessados em filmar em seu país. O Brasil parece estar entrando no rol. Claro que desde muito tempo temos Hector Babenco, mas Babenco é mais brasileiro que argentino e costuma representar o Brasil lá fora. Depois de um diretor colombiano (Gustavo Nieto Roa) ter dirigido uma produção brasileira (ENTRE LENÇÓIS), chega a vez do mezzo argentino/mezzo italiano cineasta Marco Bechis se aventurar numa co-produção Brasil-Itália intitulada TERRA VERMELHA (2008). Com a repercussão do novo filme, um dos mais (relativamente) conhecidos trabalhos de Bechis chega às telas simultaneamente, com quase dez anos de atraso da data de sua produção. Trata-se de GARAGE OLIMPO (1999), que só ficou em cartaz durante uma semana aqui na cidade, não dando tempo pra que eu pudesse conferí-lo.
De todo modo, mal comparando, TERRA VERMELHA seria o nosso CREPÚSCULO DE UMA RAÇA, filme que John Ford dirigiu e que tratava de uma raça em extinção, em sua tentativa desesperada de recuperar o irrecuperável, de se negar a aceitar ficar preso num gueto, na dependência dos homens brancos que os aprisionaram e massacraram. Em TERRA VERMELHA, um grupo de índios da tribo Guarani-Kaiowá, depois de verem duas índias tendo cometido suicídio dentro da reserva, resolvem abandonar o lugar e ir em busca da terra de seus ancestrais, agora de propriedade de um rico latifundiário da região do Mato Grosso (Leonardo Medeiros).
Depois de venderem o cavalo e alguns objetos e se abastecerem de comida suficiente para umas poucas semanas numa mercearia local, cujo dono é interpretado por Matheus Nachtergaele, os índios começam a fazer acampamento em frente à propriedade do dono das terras, que logo envia homens para intimidar os nativos. Um dos jovens índios, ao ter sonhado e sentido a presença do espírito de uma das moças que cometeu suicídio, é tido pelo pajé da tribo com potencial para desenvolver poderes espirituais. Apesar de se esforçar um pouco, o jovem é logo tentado pela filha do latifundiário a desenvolver outras habilidades, mais carnais.
O filme tem uma boa narrativa e um desenvolvimento interessante, mas parece que os roteiristas não estavam suficientemente inspirados para elaborar um final impactante ou ao menos satisfatório. Restam alguns bons momentos que ficam na memória e a vantagem de o filme fazer diferença, tratando de um assunto quente e pouco abordado em nosso cinema. Mas, no geral, o filme é mais curioso do que realmente bom.
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