quinta-feira, maio 08, 2008

O NEVOEIRO (The Mist)



Parece que Frank Darabont só funciona quando faz adaptações de obras de Stephen King. Nisso, ele é ótimo. Encantou o mundo com UM SONHO DE LIBERDADE (1994) e emocionou a muitos com À ESPERA DE UM MILAGRE (1999). Porém, quando tentou fazer algo diferente - CINE MAJESTIC (2001) -, quebrou a cara. Resultado: passou todos esses anos sumido, voltando agora de maneira triunfal, novamente com mais uma adaptação do mestre da literatura de horror. E dessa vez com um filme de terror de verdade. O NEVOEIRO (2007), comprado pela Paris Filmes e ainda sem data certa de lançamento nos cinemas (parece que estréia em junho, mas pode ser que entre em cartaz antes), é um desses filmes que honram o gênero horror, gênero que anda muito maltratado nas telas de cinema ultimamente, com coisas como IMAGENS DO ALÉM, AWAKE - A VIDA POR UM FIO e UMA CHAMADA PERDIDA passando atualmente nas salas do país enquanto obras mais interessantes ou vão direto para as locadoras ou são simplesmente ignoradas. Acreditando que O NEVOEIRO iria parar direto nas locadoras, não resisti e acabei baixando a cópia em dvdrip disponível na internet.

Trata-se de uma obra que nada tem a ver com A BRUMA ASSASSINA, de John Carpenter, nem tampouco deve ser confundido com sua refilmagem, que dizem ser bem ruim. O NEVOEIRO é um filme com tons apocalípticos que mostra um grupo de pessoas presas dentro de um mercadinho por causa de uma estranha névoa que mata aqueles que dela se aproximam. O filme começa com uma ótima seqüência de tempestade, que acaba por fazer alguns estragos e a destruir a casa da árvore da família de David Drayton, o personagem de Thomas Jane, tendo destruído também o carro de seu vizinho pouco amistoso, que, mesmo assim, pede carona a David até a cidade a fim de fazer umas compras. Desse modo, os dois, junto com o filho pequeno do protagonista, chegam a esse mercadinho, onde já se percebe que alguma coisa está muito estranha, a começar pelo comportamento dos militares presentes no lugar, que parecem estar escondendo alguma coisa. O fato de todos estarem incomunicáveis devido à falta de energia elétrica também contribui para um clima de isolamento e de incomunicabiliade com o mundo exterior. Como trata-se de uma cidade pequena, onde muita gente se conhece há muito tempo, o filme lembra um pouco OS PÁSSAROS, de Hitchcock. Juntando-se isso ao clima apocalíptico, temos um dos filmes recentes que mais flerta com o clássico hitchcockiano, embora tenha optado por um final bem distinto.

Por outro lado, as criaturas que saem da névoa para devorar os homens fazem lembrar o visceral cinema de John Carpenter, inclusive pelo uso do gore, e o fato de mostrarem pessoas presas num ambiente fechado remete a O DESPERTAR DOS MORTOS, de George Romero. Mas o que mais torna o filme uma obra superior à média dos filmes de gênero produzidos atualmente é a tensão existente dentro do lugar e a relação tumultuada que existe entre os refugiados. Marcia Gay Harden é destaque do filme, no papel de uma fanática religiosa que acredita que aquilo tudo é o início do fim e que tudo está registrado no Apocalipse de São João. Aos poucos, essa mulher passa a ser menos um incômodo e mais uma ameaça, já que ela começa a fazer com que as pessoas passem a acreditar que ela tem razão e que é uma espécie de profetisa. Mas entre os momentos mais empolgantes, destaco o ataque dos insetos gigantes! E tem algo no filme que me fez lembrar da leitura de ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA, cuja adaptação de Fernando Meirelles é um dos filmes mais aguardados do ano pra mim.

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