segunda-feira, maio 05, 2008

ACROSS THE UNIVERSE



Já estava tão acostumado a ouvir a trilha sonora de ACROSS THE UNIVERSE (2007) que boa parte da graça do filme se esgotou pra mim quando finalmente ele aportou nas telas da cidade. Ainda assim, trata-se de um filme que chega para suprir a carência de bons videoclipes, formato que está em fase de decadência, devido a uma série de fatores, sendo a internet o principal deles. E é assim que eu vejo o filme de Julie Taymor (de FRIDA, 2002): um grande e belo videoclipe que não corre o risco de se aventurar em canções originais, preferindo as já consagradas pérolas dos Beatles, aqui com novos arranjos e, em sua maioria, interpretadas pelo próprio elenco, encabeçado por Jim Sturges e a encantadora Evan Rachel Wood. Inclusive, por mais que o filme possa não agradar a alguém, difícil não sentir um certo prazer estético só de olhar para a beleza dessa jovem, que, de bônus, ainda aparece nua em algumas poucas cenas. (E pensar que quem está se dando bem com ela é o Marilyn Mason...)

A trilha sonora, que foi o primeiro contato que eu tive com o filme, achei tão boa que considero até melhor que a de UMA LIÇÃO DE AMOR, que teve uma série de medalhões fazendo versões das canções de Lennon e McCartney. Em ACROSS THE UNIVERSE, apenas duas celebridades aparecem no filme e na trilha: Joe Cocker, interpretando "Come together" e Bono, com uma versão meia boca de "I am the Walrus". Se bem que foi através da versão dele, nesse filme, que eu comecei a entender um pouco o significado dessa canção. E como acho um pouco confusas essas músicas da fase psicodélica dos Beatles, qualquer luz que venha para clarear o sentido do que eles procuraram dizer é bem vindo.

O filme segue a cronologia e o clima dos anos 60, que começa de forma ingênua, ainda com a influência dos anos 50, para depois atingir um estágio de psicodelia e rebeldia com o estado das coisas a partir da segunda metade da década. Desse modo, o filme se inicia com aquelas canções mais ingênuas, como "Hold me tight", "All my loving" e "I want to hold your hand" até descanbar na loucura colorida de faixas como "Strawberry fields forever", "Happiness is a warm gun" e "Being for the benefit of Mr. Kite". O uso do LSD nesses momentos de fuga da realidade não é explicitado, mas pode ser sugerido. "Helter Skelter" é usada no momento da briga entre estudantes e policiais, quando das revoltas juvenis contra a Guerra do Vietnã, o que não deixa de ser uma escolha óbvia.

Quanto à trama do filme, não há muito o que contar: é uma estória de amor envolvendo Jude (Jim Sturges) e Lucy (Evan Rachel Wood). Ele, um inglês estivador que chega aos Estados Unidos e faz amizade com um rapaz, que é irmão de Lucy, por quem ele se apaixona. Aliás, os dois se apaixonam um pelo outro, formando um belo casal. Mas a estória é apenas um pretexto para as várias e belas seqüências musicais, algumas, de uma beleza plástica impressionante. Mas são tantas as canções que chega a cansar a certa altura, principalmente para quem não é muito afeito a musicais. E falando em Jude e Lucy, esses não são os únicos nomes a citar canções dos Beatles. Há personagens como a Sadie, a Prudence (que chega no albergue pela janela do banheiro - "she came in through the bathroom window"), a Martha, a Rita. A bela fotografia do filme é creditada a Bruno Delbonnel, de O FABULOSO DESTINO DE AMELIE POULIN.

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