segunda-feira, setembro 05, 2005

AMOR EM JOGO (Fever Pitch)



Os irmãos Farrelly estão ficando cada vez mais certinhos. Desde O AMOR É CEGO (2001) que se nota isso. Não há nada de errado com isso, mas para aqueles que eram considerados os reis do politicamente incorreto, não deixa de ser uma mudança estranha.

O fato de AMOR EM JOGO (2005) ser um filme de encomenda ajuda um pouco a entender isso. A idéia dos Farrelly na direção partiu de Drew Barrymore, outra ex-rebelde e chutadora de balde na adolescência que virou mulher de negócios e moça de família. Ainda que seja uma obra de encomenda, AMOR EM JOGO tem momentos tipicamente farrellianos, como a seqüência em que Jimmy Fallon vai ao apartamento de Drew e a encontra doente e vomitando. O cachorro come o vômito dela, mas nada disso é mostrado. Não sei se dá pra considerar como uma cena escatológica. Há também momentos de humor físico dos bons, como a cena da bola de beisebol arremessada na cabeça de Drew. Porém, o tom geral do filme é mesmo de comédia romântica tradicional.

No filme, Jimmy Fallon é um professor de matemática fanático pelo Red Sox, time de beisebol de Boston, que se apaixona por uma executiva (Drew Barrymore). A relação vai bem, mas ele teme que tudo vá por água abaixo quando começar a nova temporada de beisebol e ela perceber o quanto ele é entusiasmado pelo time. Essa foi a razão do fim de muitos namoros. O Red Sox é um time famoso por não ganhar um campeonato desde o início do século. O fato de o Red Sox ser um time de perdedores me despertou uma certa simpatia por eles. Ainda mais porque os seus torcedores nunca perdem a esperança de ver o seu time ganhando um dia. Assim a vitória é mais saborosa.

Apesar de eu não gostar de nenhum esporte - só gosto de futebol e de quatro em quatro anos - e de não entender o que leva uma pessoa a se identificar com a camiseta de um time e adorá-lo irracionalmente, eu, ainda assim, me identifiquei com o personagem de Jimmy Fallon. Afinal, eu também tenho uma obsessão, que é o cinema. E muitas vezes eu já me perguntei o quanto isso pode estar atrapalhando a minha vida sentimental. Inclusive, se um dia uma mulher me botar contra a parede, me fazendo escolher entre ela e o cinema, acho que eu fico com o cinema. A não ser que eu esteja muito apaixonado a ponto de me deixar levar pelas decisões dela. Mas será que eu conseguiria ser feliz? São perguntas que eu às vezes me faço.

Os momentos finais do filme são emocionantes. Quase me levam às lágrimas. Lembrando que eu fui um dos que choraram na cena dos garotinhos com câncer de O AMOR É CEGO. Acho que no fundo os Farrelly são uns românticos incorrigíveis e isso pode ser notado desde, pelo menos, QUEM VAI FICAR COM MARY? (1998). Há outra seqüência de arrepiar, que é quando toca no estádio "Sweet Caroline", de Neil Diamond, e a platéia canta em uníssono. Há também um momento mais intimista, ao som da linda "Northern Star", do Nick Drake.

P.S.: Entrou no ar hoje no Jornal O Povo uma matéria que destaca alguns blogs de cinema.

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