terça-feira, outubro 15, 2002

OS ANOS 20, 30 E 40

Comentários dos filmes do fim de semana. Engraçado que só quando eu estava vendo o último dos 3 filmes é que eu percebi que eles se passavam em três décadas distintas e próximas do século XX.

NEWTON BOYS - OS FORA DA LEI (The Newton Boys)

Anos 20

O que me fez querer ver esse filme foi o meu interesse pela filmografia de Richard Linklater. Adoro o romântico e poético ANTES DO AMANHECER e o filosófico WAKING LIFE. Também são dignos de nota (alta) DAZED AND CONFUSED (esqueci o título nacional) e SUBURBIA. Ele ainda tem um filme inédito (no Brasil) e de baixo orçamento chamado TAPE (2001) que tem no elenco Ethan Hawke, Robert Shawn Leonard e Uma Thurman.

Ethan Hawke, além de amigo, parece ser o ator favorito de Linklater. Ele também está em THE NEWTON BOYS. Quando esse filme chegou ao cinema, pensei que fosse um western. Na verdade, os anos 20 nos EUA tem mesmo ainda um pé no velho oeste, mas as pessoas andam mais arrumadinhas, passeiam de carros, são mais sofisticadas. Os irmãos Newton entraram para a história americana como os maiores assaltantes do país. Por causa deles, os bancos começaram a investir mais em segurança. O filme é leve e divertido e, mesmo no final, com algumas tragédias, ele mantém o seu alto astral. O elenco do filme, além de Hawke (o irmão beberrão), traz Mathew McConaughey como o líder do bando e Skeet Ulrich como o irmão medroso. Outra coisa legal do filme é mostrar nos créditos finais trechos de entrevistas de dois Newtons, já bem velhinhos. Bem legal. Gravado da FOX.

ESTRADA PARA PERDIÇÃO (Road to Perdition)

Anos 30

Com tanto bafafá em torno desse filme, eu até que não achei lá grande coisa. É claro que é um bom filme, caprichado, principalmente tecnicamente, mas não é tudo isso que a mídia e os jornais andam espalhando. Tom Hanks trabalha para um chefão da cidade (Paul Newman, bem velho e com a voz embargada) e executa serviços sujos como matar os devedores do velho. A coisa se complica quando o filho de Hanks testemunha uma dessas prestações de contas. O filme é todo contido, a fotografia nunca mostra as cores vivas, as emoções também são bem contidas. Nesse clima, destaque para uma bela cena entre Hanks e o filho, abraçados. A cena trágica final também é belíssima. Mas como eu sou do tipo que curte emoções exacerbadas, pra mim, ficou a desejar. BELEZA AMERICANA é muito melhor e Sam Mendes ainda não se superou.

DESENCANTO (Brief Encounter)

Anos 40

Diferente dos outros filmes comentados, este não é um filme de época, é um filme da época (1946). Antes de ser diretor megalomaníaco, nos anos 40 David Lean dirigiu duas adaptações de Charles Dickens (GRANDES ESPERANÇAS e OLIVER TWIST) e essa bela história de amor. O que encanta em DESENCANTO (!) é que os personagens são gente como a gente, não são bonitos ou ricos. Tudo começa quando Trevor Howard tira um cisco do olho de Celia Johnson. Nenhum problema se os dois não fossem casados e tivessem filhos. Depois de um outro encontro casual e um cineminha esperto, eles combinam de se encontrar toda quinta-feira à tarde. Esses encontros num determinado dia da semana me fez lembrar um outro ótimo filme romântico: UMA RELAÇÃO PORNOGRÁFICA. Mas os filmes da década de 40 não falavam de fantasias sexuais, a sociedade era mais regrada. Por isso que o impacto da paixão dos dois é tão forte. Principalmente para ela. DESENCANTO é um filmão. Nas bancas em VHS pela série de clássicos da Altaya.

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