domingo, janeiro 09, 2022

PÂNICO – OS QUATRO PRIMEIROS FILMES



Com a aproximação da estreia do novo PÂNICO, que traz de volta o trio de astros que está presente desde o primeiro filme (David Arquette, Neve Campbell e Courteney Cox), mas com novos diretores à frente, já que Wes Craven faleceu, a vontade de rever os filmes anteriores foi irresistível. O primeiro filme da franquia fez tanto sucesso que reacendeu uma nova onda de filmes do subgênero, rendendo mais de 100 milhões de dólares nas bilheterias. 

Quem está à frente do novo filme, que estreará na próxima quinta-feira, 13, é a dupla de diretores de CASAMENTO SANGRENTO (2019), Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillet. Desejo boa sorte aos jovens cineastas. Inclusive pretendo ver um ou dois filmes dos realizadores até lá. 

PÂNICO (Scream)

Uma das coisas que mais encantou a crítica e os fãs de filmes de terror, em especial dos slashers, foi o modo inteligente de Wes Craven e do roteirista Kevin Williamson de lidar com as chamadas "regras" desse gênero. Neste primeiro filme, há muitas referências explícitas a outros exemplares e o próprio assassino, logo no prólogo, ao telefone, brinca com sua vítima, vivida por Drew Barrymore, fazendo perguntas sobre filmes de terror e bem inspirado no clássico QUANDO UM ESTRANHO CHAMA (1979), de Fred Walton. Só por essa cena, aliás, PÂNICO (1996) já merece todo o culto que conquistou ao longo dos anos, toda a popularidade. Na trama, pessoa com uma roupa assustadora e fácil de encontrar em lojas para halloween sai matando jovens de uma escola. Neve Campbell é a verdadeira protagonista, por mais que o nome de David Arquette apareça antes nos créditos. Ela é a virgem que ainda está de luto e traumatizada pelo assassinato da mãe, que ocorreu há cerca de um ano. Algumas cenas ainda hoje impressionam pelo sangue e pela violência doentia. Mas sem nunca perder o humor. Um baita sucesso dirigido por um mestre do gênero que até brinca com uma de suas criações, A HORA DO PESADELO (1984).

PÂNICO 2 (Scream 2)

Quase tão bom quanto o primeiro filme, e lançado em menos de um ano após seu sucesso estrondoso (fez com que as datas de estreia de TITANIC e do James Bond daquele ano fossem adiadas para não chocarem com ele), esta continuação também brinca com as sequências de filmes de terror. Na faculdade, os alunos debatem sobre como elas deveriam ser. E o filme já começa delicioso, com direito a uma sessão de cinema inspirada no caso de Sidney (Neve Campbell) e das vítimas dos assassinos de ghostface. E é no próprio cinema que acontecem as novas mortes, com um monte de gente vestida com a roupa do assassino. Como os originais morreram no primeiro filme, tratar-se-ia, então, de um copycat, ou de dois. Gosto de como Gale (Courteney Cox) está mais presente nas investigações junto com o policial Dewey (David Arquette). Ela quase rouba a cena de Sidney. A participação especial de Sarah Michelle Gellar é um luxo para a franquia, ela que no mesmo ano estaria em outro filme com roteiro de Kevin Williamson, EU SEI O QUE VOCÊS FIZERAM NO VERÃO PASSADO. Entre as minhas cenas favoritas deste PÂNICO 2 (1997), está a cena da tentativa de fuga no carro. Muita tensão e arrepio. No mais, é um filme que brinca ainda mais com o exagero, ao mesmo tempo que nos faz torcer mais pelos personagens que aprendemos a amar.

PÂNICO 3 (Scream 3)

2000 foi o melhor ano da minha vida. E por isso nem me importo que não tenha sido um grande ano para o cinema. Lembro-me de ter visto PÂNICO 3 (2000) no chão, com a sala do North Shopping lotada. E foi divertido mesmo assim. O filme é certamente bem inferior aos dois primeiros, sem o roteiro de Williamson e sem nenhuma cena marcante. Mas os personagens, a gente já os amava, e a ideia de ambientar a trama agora em Hollywood, no meio das gravações de um novo caça-níquel baseado nas chacinas provocadas pelos ghostfaces, é boa. Dar mais poderes ao assassino também foi uma boa ideia. Aqui ele consegue imitar as vozes de diferentes pessoas para confundir as vítimas. Dos três filmes, é o que o David Arquette aparece mais próximo de um herói, apesar de estar destituído da função de policial. No mais, podiam ter caprichado nas motivações do assassino. Fica a impressão de que Craven só queria encerrar de vez a trilogia. E encerrou. Pelo menos por 11 anos.

PÂNICO 4 (Scream 4)

O filme da série que mais se aproxima de algo desnecessário. É o que passa a impressão, talvez por estar mais desvinculado com sua época. A proposta de apresentar novas regras para uma nova década em PÂNICO 4 (2011) é interessante, mas não traz tantas novidades assim, embora eu tenha gostado de algumas coisas. O prólogo, com as surpresas e participações especiais, é talvez melhor do que o restante do filme, mas entrar em contato com os personagens nesta variação da trama não deixa de ser agradável. Kevin Williamson retorna como roteirista neste quarto filme, mas não parece acrescentar muito aos personagens ou à trama. Gostei da escalação de Emma Roberts, que confere um ar ao mesmo tempo frágil e perigoso à personagem. Estou muito curioso para ver qual será a abordagem do novo filme, agora sem Craven, o que pode ser algo muito bom, algo que pode ajudar a revitalizar a franquia.

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