sábado, julho 03, 2021

VELOZES & FURIOSOS 9 (F9)



E a Universal volta com sua galinha dos ovos de ouro, faturando mais uma vez nas bilheterias, agora que a pandemia, aparentemente, está começando a dar uma trégua ao mundo. Há 20 anos o primeiro VELOZES & FURIOSOS (2001) estreava, sob a direção de Rob Cohen. E era algo bem mais simples do que se tornou, com uma história que trazia tanto um romance quase proibido (Paul Walker e Jordana Brewster), quanto um bromance (Paul Walker e Vin Diesel), além de uma loucura por carros envenenados. Nada disso me parecia tão atraente. Por isso, pouco me recordo do segundo filme, +VELOZES +FURIOSOS (2003), e não quis ver o terceiro, VELOZES & FURIOSOS - DESAFIO EM TÓQUIO (2006), que foi quando Justin Lin assumiu o comando da cinessérie.

O caminho por um território do absurdo começa a se desenhar como em algo próximo a um thriller de espionagem descerebrado a partir de VELOZES & FURIOSOS 4 (2009). E de fato os dois filmes seguintes seriam os melhores e mais divertidos. Mas havia algo que estava se tornando uma constante a cada novo filme: um agigantamento tanto das brincadeiras mais absurdas, quanto do tipo de aventura pelo que o grupo, cada vez maior, ia passando. É como se fosse um 007 tosco.

Depois da passagem de dois ótimos artesãos pela franquia, resultando nos bons VELOZES & FURIOSOS 7 (2015), a cargo de James Wan, filme que marcaria a trágica despedida de Paul Walker; e VELOZES E FURIOSOS 8 (2017), sob a direção de F. Gary Gray, os executivos talvez tenham começado a ver que o espírito dos filmes anteriores estava se perdendo e por isso, imagino, tenham trazido de volta Justin Lin. Nada mais natural acreditar que seu retorno seria um fator positivo. Infelizmente não foi.

Talvez essa maior liberdade tenha feito mal a Lin e aos demais envolvidos, pois se concentrar em apenas algumas cenas de ação para amarrar uma história muito ruim e confusa e que de vez em quando traz tentativas de sentimentalismo familiar acaba por tornar este nono capítulo da saga algo próximo do desastre. As poucas falas de Charlize Theron, por exemplo, a maior antagonista de Dom (Vin Diesel) no filme, não fazem muito sentido e há quem veja nesse estilo de "dramaturgia" algum charme. Pra mim, o que eu vi foi um filme que falhou em quase tudo: no humor, na ação (o lance do ímã é legal, mas é hiper-utilizado), no drama, na trama de "espionagem"... nem mesmo as várias locações são valorizadas.

VELOZES & FURIOSOS 9 (2021) começa com um flashback que será importante para a história, envolvendo o irmão de Dom (Vin Diesel). De volta para o presente, Dom e Letty (Michelle Rodriguez) estão vivendo tranquilamente com o filho pequeno Brian, quando são chamados para uma nova missão. Algo faz com que Dom aceite a nova aventura com os amigos, seja pelo envolvimento de Cipher (Charlize Theron), seja por outras coisas que surgem. A trama ainda contará com o reaparecimento de um ex-integrante morto e o surgimento do irmão desaparecido de Dom (Jon Cena).

O que talvez tenha me deixado mais irritado com o filme foi o fato eu de não estar entendendo bulhufas, principalmente ao saber que se trata de um projeto bem pouco inteligente. De todo modo, a presença de bons atores acabam por trazer um pouco de credibilidade para a produção. Charlize Theron, Michael Rooker, Helen Mirren e Kurt Russell, em seus papéis pequenos, são muito maiores do que qualquer outro do elenco principal e naturalmente entregam interpretações à altura do tipo de dramaturgia que a obra pede.

Talvez um dos pontos mais positivos do filme seja sua autoconsciência. Isso se reflete principalmente na fala de Roman (Tyrese Gibson), quando começa a desconfiar que eles seriam invencíveis, já que sobreviveram a tantos perigos ao longo de várias aventuras. Só neste filme Roman sobrevive a um campo minado, a um tiroteio e a um carro pesado que cai em cima dele. Sem falar no carro-foguete que vai para o espaço. Enfim, é um filme que sei que agradará a muitos.

+ DOIS FILMES

AL MORIR LA MATINÉE

Muito legal esta homenagem aos slashers, aos gialli e ao cinema de horror dos anos 1980. A história de AL MORIR LA MATINÉE (2020), de Maxi Contenti, se passa em 1993, numa noite bem chuvosa, numa sala de cinema grande do Uruguai, com apenas alguns gatos pingados espalhados por diversos lugares e assistindo a um filme B enquanto um maníaco sai matando esses espectadores. O cenário de nostalgia também se manifesta na apresentação da sala de projeção, à moda antiga, com a filha do projetor assumindo a função do pai, que estava adoentado. Curiosamente, o filme que está sendo exibido, ao contrário do que eu pensava, não é um genérico dirigido pelo próprio Contenti, mas um terror B americano de verdade, chamado FRANKENSTEIN - DAY OF THE BEAST, de 2011.

LUA NEGRA (Bad Moon)

Filme curtinho e redondinho sobre rapaz (Michael Paré) almadiçoado pelo toque de um lobisomem que visita sua irmã (Mariel Hemingway) como esperança de atenuar o seu estado perturbador. Acredito que LUA NEGRA (1996), de Eric Red, funciona bem até nos efeitos especiais mais pobres de transformação (o filme teve um orçamento de apenas 6 milhões de dólares), mas quem rouba a cena é mesmo o cão da família, um pastor alemão que fica de olho no rapaz e em suas necessidades de se ausentar todas as noites de seu trêiler. O clímax é bom e deve ter funcionado nos cinemas mais populares como um elemento de empolgação. Filme presente no box Lobisomens no Cinema. A cópia está lindona. Até parece BluRay.

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