segunda-feira, dezembro 14, 2015

QUATRO FILMES COM TEMÁTICA HOMOAFETIVA



Peço desculpas àqueles que acompanham o blog pela falta de postagens, mas é que eu ando passando por umas dificuldades na vida, tanto de saúde quanto profissional. Portanto, textos mais elaborados e que requerem um pensar mais afiado, ainda que dentro daquilo que satisfaz minimamente a mim mesmo estão fora de cogitação esses dias. Hoje, como não consegui cabeça para escrever um texto acadêmico, lá vamos nós para breves parágrafos sobre filmes. O tema aqui é a relação homoafetiva, que está cada vez mais comum no cinema contemporâneo, que é reflexo de uma maior liberdade conquistada pela sociedade ocidental.

THE NORMAL HEART

O nome de Ryan Murphy nem sempre é associado a coisas boas, mas com THE NORMAL HEART (2014, foto), que ele dirigiu para a HBO, baseado em uma peça de Larry Kramer, houve um resultado até que bastante positivo, muito por causa do ótimo elenco. O filme se passa durante o início dos anos 1980, quando a então chamada “praga gay” chegou para aterrorizar. THE NORMAL HEART apresenta os esforços de um grupo de pessoas, a maioria delas gay, vítima direta ou indiretamente do vírus HIV, em buscar ajuda e compreensão da sociedade americana, que costumava rotular e ter muito preconceito com essas pessoas. O ótimo elenco conta com Mark Ruffalo, Taylor Kitsch, Jim Parson, Julia Roberts e o premiado com o Globo de Ouro Matt Bomer.

O AMOR É ESTRANHO (Love Is Strange)

Ira Sachs já havia ganhado notoriedade com um trabalho bem independente, mas que chamou a atenção dos críticos franceses, DEIXE A LUZ ACESA (2012). Com O AMOR É ESTRANHO (2014) ele alcança o mainstream deixando de lado algumas cenas mais físicas do trabalho anterior e centrando no amor entre dois homens na terceira idade passando pela difícil situação de ter que viverem separados um do outro por circunstâncias financeiras, que por sua vez foram causadas por um problema de preconceito. John Lithgow e Alfred Molina são dois namorados que moram juntos e decidem se casar. O problema é que, devido à situação de desemprego de um deles, os dois precisam morar em casas diferentes de familiares, gerando transtornos para eles e para as famílias que os abrigam. O final é particularmente belo.

ENQUANTO VOCÊ NÃO VIA (While You Weren’t Looking)

O filme que abriu o festival For Rainbow deste ano foi o sul-africano ENQUANTO VOCÊ NÃO VIA (2015), de Catherine Stewart, que aborda duas relações entre mulheres enquanto também lida com a questão da desigualdade social do país. O filme é irregular justamente por acertar em algo e errar em outro: enquanto o relacionamento das duas mulheres mais velhas é contado de maneira morosa e pouco interessante, há fogo no modo como lida-se com o caso da menina rica com a moça que mora na favela e gosta de se vestir como homem. Entre altos e baixos, o filme ganha também importância como retrato de um país pouco visto em nosso circuito.

BEIRA-MAR

O filme que encerrou o festival foi o brasileiro BEIRA-MAR (2015), da dupla de então curta-metragistas Filipe Matzembacher e Marcio Reolon. Trata-se de um belo trabalho, feito com delicadeza no trato com a câmera e com o sentimento de seus personagens jovens. Em alguns momentos, BEIRA-MAR lembra o trabalho dos irmãos Dardenne, mas tem estilo todo próprio e não deixa de ser admirável para um longa-metragem de estreia. A beleza da fotografia em scope, que captura os personagens muitas vezes muito de pertinho, é algo de dar gosto e faz com que o filme seja uma beleza de acompanhar, mesmo para quem não esteja muito interessado na história dos amigos.

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