terça-feira, junho 30, 2015
CINCO CURTAS BRASILEIROS
O universo dos curtas tem cada vez mais me encantado. Estes cinco pequenos filmes são exemplos do trabalho de jovens talentosos que representam o futuro do nosso cinema. Creio que estamos em boas mãos.
OS IRMÃOS MAI
Uma das vantagens dos curtas é justamente serem curtos. Daí a maior facilidade em revê-los e encontrar mais qualidades. Foi o caso deste OS IRMÃOS MAI (2013), de Thaís Fujinaga, que eu gostei bem mais agora, na revisão. O filme nos apresenta a dois irmãos de origem chinesa em um dia de rotina em São Paulo. Eles saem da escola, passam em uma confeitaria, encontram uma luminária na rua, procuram um lugar para urinar numa cidade cheia de chuva e se esforçam, à sua maneira, para chegarem em casa a tempo para o almoço. O filme tem uma dramaturgia caprichada, os atores que fazem os jovens irmãos são ótimos e a tensão entre os dois é muito bem dirigida. Foi um dos curtas brasileiros mais premiados em 2013.
E
Nunca pensei que um filme me deixasse tão incomodado com a questão dos estacionamentos. Não que eu não fique na vida real, mas como precisamos dos carros e de lugares para colocá-los, eles são um mal necessário. E (2014), de Alexandre Wahrhaftig, Helena Ungaretti e Miguel Antunes Ramos, tem mesmo a intenção de incomodar, além de fazer refletir, através de imagens dos locais e de depoimentos específicos. O filme poderia focar apenas na questão dos prédios que um dia foram belas casas (ou foram cinemas) e se transformaram em estacionamento, mas ele vai além.
O MEMBRO DECAÍDO
Em comparação com NUA POR DENTRO DO COURO (2014), o mais recente trabalho de Lucas Sá, O MEMBRO DECAÍDO (2012) se mostrava ainda cru, amador até, em sua intenção de fazer cinema fantástico. Mas o interessante é que muitos críticos já perceberam o potencial do jovem cineasta nesse filme. E com razão. Filmado em São Luís, no Maranhão, é um filme sobre violência e tensão cujo desconforto se dá no começo com o fato de quase não vermos os rostos dos personagens. É um filme que também lida com muito humor negro, o que acaba contando pontos para a criatividade do diretor.
MENINO DA GAMBOA
O curta de Pedro Perazzo e Rodrigo Luna já conquista pelas lindas primeiras imagens: da Praia de Gamboa, na Bahia, onde um grupo de rapazes simples esperam turistas a fim de levarem, em seus carros de mão, as bagagens para as pousadas. O pequeno menino de nove anos que protagoniza MENINO DA GAMBOA (2014) admira o trabalho do irmão e de seus colegas e procura um jeito de também ser útil, de ser tão bacana quanto o irmão. Mas será que ele achará o trabalho tão divertido assim como imagina? Trata-se de um dos curtas que abordam o universo infantil mais interessantes da safra recente.
QUINZE
Esse pessoal do Filmes de Plástico tem se mostrado muito talentoso, hein. QUINZE (2014, foto), de Maurilio Martins, conquista em cada momento. Seja no início, quando a filha de uma doméstica chega justamente quando a mãe está recebendo sexo oral da amante secreta no quarto, seja nos diálogos entre mãe e filha sobre intimidade, seja ao mostrar as dificuldades econômicas da mãe. Tudo de forma muito comovente, bonita. A gente quer continuar com as personagens. É também mais um exemplar de produção LGBT que atravessa as fronteiras do gueto. Se bem que cada vez mais vemos filmes dessa linha em festivais mais amplos.
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