quarta-feira, julho 01, 2015

CINCO CURTAS BRASILEIROS



Mais uma pequena porção de curtas vistos. O interessante é que são filmes totalmente distintos um do outro. Temos experimentações com espaços vazios, paródia de ficção científica, drama de terror, romance misterioso e até uma espécie de documentário paródico com toques internacionais.

GIGANTE

Uma experimentação interessante, que parece ser bastante pessoal para seu realizador, Rafael Spínola. GIGANTE (2014) é um filme que é construído basicamente de fotos ou de imagens sem personagens, de espaços vazios de uma grande casa prestes a ser vendida. O prólogo é tocante, com a descrição em voice-over do diretor (?) narrando um encontro em sonho com sua avó, enquanto vemos fotos da família. O interessante é justamente o filme contar uma história abrindo mão dos aspectos mais comuns de uma narrativa tradicional.

MASTER BLASTER – UMA AVENTURA DE HANS LUCAS NA NEBULOSA 2907N

Curioso como há um interesse por alguns jovens cineastas em fazer filmes de ficção científica, ainda que se destaquem pelo deslocamento e pela estranheza, já que não são reproduções do cinema produzido em Hollywood. Lembra BRANCO SAI, PRETO FICA, de Adirley Queirós, não por acaso presente no elenco. Em MASTER BLASTER – UMA AVENTURA DE HANS LUCAS NA NEBULOSA 2907N (2013), de Raul Arthuso, há até uma narração em uma língua estranha e uma fotografia em preto e branco em janela clássica. O mistério do investigador gira em torno de um sol vermelho que apareceu em uma cidade e mudou a rotina de todos. Pena que o filme é longo demais e chega a aborrecer perto do final.

O BOM COMPORTAMENTO

Mais um filme que opta pela janela 1,33:1, embora isso não chegue a influenciar muito na apreciação. O BOM COMPORTAMENTO (2014), de Eva Randolph, é um trabalho que deixa uma série de perguntas desde o início, mas isso faz parte da atratividade do filme, que nos apresenta a um grupo de jovens numa espécie de retiro. Algumas coisas estranhas acontecem (fica no ar a relação de um adolescente com um celular), mas aos poucos vamos percebendo que se trata de um filme de gênero (horror), ou com elementos suficientes para podermos classificarmos dessa maneira, já que não é à toa que se conta a história de uma jovem grávida que morreu na cachoeira e que até hoje assombra o lugar. Ao mesmo tempo, vemos a paixão intensa entre um rapaz e uma moça. Um filme bem interessante.

O COMPLETO ESTRANHO

É interessante acompanhar a carreira de Leonardo Mouramateus. Meu primeiro contato com um filme seu foi em 2011, com FUI À GUERRA E NÃO TE CHAMEI, feito em parceria com outros dois amigos. Na época, nem gostei. Só em 2013, quando MAURO EM CAIENA (2012) foi um dos grandes premiados do Cine Ceará que eu comecei a prestar mais atenção em seus demais trabalhos. Sem falar que ele tem se tornado cada vez mais interessante como diretor. O COMPLETO ESTRANHO (2014, foto) é mais uma obra inspirada dele. Interessante como MAURO EM CAIENA termina com uma cena (deslocada?) de festa e esse aqui se passa, boa parte, em uma festa. Embora o melhor aconteça quando as luzes se apagam e a protagonista conhece o tal estranho do título, em um papo de atmosfera interessante e que ainda brinca com a metalinguagem. Vale destacar também o jogo de câmera e de olhares. Sem falar que a curta cena de sexo e nudez mostra que o cinema cearense tem evoluído nesse aspecto também.

BASHAR

Este eu vou ter que puxar da memória. Não consegui cópia dele por aí e o vi já faz algum tempo em uma dessas mostras promovidas pelo Cinema do Dragão. Lembro de não ter gostado muito de BASHAR (2014), de Diogo Faggiano. Talvez por não estar preparado para um misto de documentário e paródia sobre a Guerra da Síria. O filme nem parece brasileiro, nesse sentido. Há muitas discussões políticas a se tratar referente às relações entre Síria e Estados Unidos e sobre o presidente Bashar Al-Assad. Então, ver o filme é uma tarefa um tanto complicada sem fazer alguma pesquisa sobre o assunto ou sem saber um pouco de política exterior. Desse modo, como comprar, além de tudo, a paródia?

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