quinta-feira, novembro 20, 2014

JOGOS VORAZES: A ESPERANÇA - PARTE 1 (The Hunger Games: Mockingjay - Part 1)























A terceira parte de JOGOS VORAZES é a primeira curva descendente de uma franquia que começou muito bem e prosseguiu surpreendentemente melhor em sua segunda parte, JOGOS VORAZES - EM CHAMAS (2013). Ter uma atriz bonita e talentosa como Jennifer Lawrence ajudou bastante a manter a chama acesa, mas sabemos que isso não é o suficiente. Foi uma soma de fatores que fizeram com que esta franquia mais dirigida ao público juvenil também caísse nas graças da crítica.

Não foram também os livros, que não têm, por exemplo, o mesmo prestígio da série Harry Potter. Porém, como tratam de outras questões que não há a magia, mas a ideia de uma sociedade distópica, como em outros clássicos da literatura – 1984, de George Orwell, e Fahrenheit 451, de Ray Bradbury, são exemplos – as adaptações para o cinema da epopeia de Katniss Everdeen (Jennifer Lawrecen) também despertam interesse de um público mais maduro.

JOGOS VORAZES: A ESPERANÇA – PARTE 1 (2014) continua com Francis Lawrence na direção, depois da bem sucedida experiência com EM CHAMAS. Não temos mais uma repetição dos tais jogos, que aparecem no primeiro e no segundo filmes, mas uma trama envolvendo um bloco rebelde que foi sendo construído abaixo do Distrito 13 e que planeja utilizar o símbolo de vencedora e de rebelde de Katniss para desmantelar o poder autoritário da Capital e do Presidente Snow (Donald Sutherland).

O problema é que este novo filme não consegue repetir nem a mesma excelência do segundo nem o mesmo vigor do primeiro. Um dos motivos talvez esteja em ser uma obra incompleta, dependendo da segunda parte, mas isso não chega a ser uma grande desculpa, já que outras franquias conseguiram se sair muito bem com essa estrutura episódica. Logo, há, de fato, problemas tanto no roteiro, que é derivado de um livro considerado por quem leu como sendo inferior aos demais, e há também problemas de dramaturgia, com diálogos fracos e alguns momentos bem pouco inspirados.

Ainda assim, trata-se de um filme que tem o seu valor, não exatamente pela presença de Katniss, que aqui aparece mais chorando do que em ação, o que pode incomodar um pouco quem está acostumado a vê-la em ação nos outros dois filmes. Há uma sequência de bombardeiro bem interessante, mas é pouco. Assim, quem acaba brilhando mais são personagens secundários, como Gale Hawthorne (Liam Hemsworth), que aparece liderando um grupo de rebeldes em uma cena digna de alguns bons filmes de espionagem.

Como a relação que se estabelece entre rebeldes e o governo é ainda de distanciamento, a presença de um especialista em invasão de redes de computador (Jeffrey Wright) acaba também sendo muito bem-vinda. Falando em excelente elenco, muito bom ver as breves participações de Philip Seymour Hoffman, que são mais do que se esperava, tendo em vista que algumas das falas de seu personagem foram cortadas por causa de seu falecimento em fevereiro, durante as filmagens. Do jeito que ficou, seu personagem continua bastante presente, exceto em uma sequência em que Julianne Moore, a presidente dos rebeldes, fala dele como se ele não estivesse mais entre nós, como numa aparente e discreta homenagem.

Outro problema de A ESPERANÇA – PARTE 1 vem desde o primeiro JOGOS VORAZES (2012), que é a falta de carisma do personagem Peeta (Josh Hutcherson), que fica retido na Capital, sendo usado pelos vilões como um joguete em programas de televisão feitos para abalar as estruturas emocionais de Katniss. O problema parece estar no ator que o interpreta, já que, dado o histórico do casal dentro dos jogos, deveria haver uma maior torcida da plateia pelos dois.

Depois do final pouco satisfatório, que já era de esperar que fosse com um gancho, resta aguardar a conclusão e torcer para que ela ajude a balancear os problemas deste terceiro filme. O que se espera é que Katniss se mostre novamente mais ativa e menos frágil. Não que a fragilidade de sua personagem não seja uma qualidade, mas sempre se espera mais da moça símbolo da resistência. De uma boa lembrança do filme, guardamos a canção que a própria Katniss/Jennifer Lawrence canta e que tem uma força e uma beleza admiráveis.

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