sábado, janeiro 19, 2013

O ÚLTIMO DESAFIO (The Last Stand)



Depois de quase dez anos longe das câmeras, é um pouco difícil se acostumar com uma versão mais envelhecida de Arnold Schwarzenegger. Já tínhamos visto o ator em pontas e pequenos papéis nas duas brincadeiras organizadas por Sylvester Stallone (OS MERCENÁRIOS e OS MERCENÁRIOS 2), mas O ÚLTIMO DESAFIO (2013) é o retorno pra valer, desta vez como protagonista, do bom e velho Schwarzenegger, depois de passar todos esses anos se dedicando à vida de Governador da Califórnia. E dá para dizer que seu retorno foi triunfal, ainda que recebido com pouco alarde.

Vale lembrar que, dos astros de filmes de ação oitentistas, foi Schwarzenegger quem mais soube construir sua carreira, trabalhando quase sempre com cineastas de primeira linha (Milius, Cameron, McTiernan, Hill, Verhoeven, Mostow) e se distanciando com folga de seus colegas de pancadaria. Nada mais justo que o seu retorno fosse também com um cineasta de gabarito, como é o caso do sul-coreano Jee-woon Kim, do terror MEDO (2003) e do thriller sangrento I SAW THE DEVIL (2010).

Mas embora vejamos a firmeza na direção de Jee-woon, há também um clima de filme de ação oitentista reacionário, ao estilo de COMANDO PARA MATAR ou dos filmes tardios de Charles Bronson. Com a diferença que aqui há um bom orçamento de 30 milhões de dólares para torrar com sequências de perseguição de carros e com ótimas sequências de tiroteios. Falando em tiroteio, é possível dizer também que O ÚLTIMO DESAFIO é uma espécie de western disfarçado. Há todas as características das boas aventuras no velho oeste, a começar pela própria figura do xerife durão, vivido pelo próprio "Governator".

Seu personagem é Ray Owens, um homem que viu muitas mortes em sua vida e preferiu se isolar numa cidadezinha no interior do Arizona cujo índice de criminalidade se aproxima do zero. Lá, o principal incidente que acontece é o desaparecimento do entregador de leite. O que aparentemente é um caso banal se revela algo de grandes proporções, ligado à fuga de um criminoso federal (Eduardo Noriega) condenado à execução que é resgatado por seus comparsas. Sua fuga é extraordinária, num Corvette C6 ZR1 modificado, e quase chegamos a torcer por ele, em sua tentativa de ultrapassar a fronteira do México. Mas o grupo formado pelo xerife Owens carrega uma simpatia tão grande que chega a ser impossível não se solidarizar com eles.

Aliás, um dos méritos do filme é fazer com que nos importemos com esses personagens. Seja o desastrado Jerry (Zach Gilford), o braço direito Mike (Luis Guzmán), a bela Sarah (Jaimie Alexander) ou as novas aquisições para enfrentar os bandidos, o bad boy Frank (Rodrigo Santoro) e o palhaço Lewis (Johnny Knoxville).

As cenas de tiroteio são cheias de vigor, o sangue espirra dos corpos baleados, os vilões não têm vergonha de serem vilões, Forest Whitaker está bem, ainda que em posição secundária, mas quem brilha mesmo é o bom e velho Schwarzenegger, que, talvez aprendendo com Clint Eastwood, também brinca com o peso da idade. Destaques para a sequência do milharal e para o embate final entre o xerife e o cabeça do cartel. O ÚLTIMO DESAFIO oferece uma boa dose de adrenalina e testosterona, fazendo com que a gente saia do cinema com um sorriso bobo de satisfação no rosto.

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