quarta-feira, setembro 21, 2011

A ALEGRIA



Eis um filme que é um desafio para se escrever a respeito. Posso dizer simplesmente que não gostei de A ALEGRIA (2011), de Felipe Bragança e Mariana Meliande, mas tenho dificuldades em explicar os motivos. Na verdade, pra mim, o filme me parece todo errado. Na construção dos personagens, nos diálogos, na tentativa de criar uma atmosfera surreal, na história confusa. Ok, há quem diga que os diálogos eram mesmo para ser nonsense, que a atmosfera era mesmo para ser diferente, que os personagens não são o mais importante do filme. Mas então o que seria? As referências a Apichatpong Weerasethakul, a M. Night Shyamalan e a Tsai Ming-liang , como eu li numa crítica por aí?

Se o filme se pretende ser pós-moderno e homenagear esses autores prestigiados, que ao menos se mostrasse suficientemente atraente, que conquistasse o espectador com sua trama. O filme até poderia render muito bem se fosse talvez dirigido por outro diretor. Afinal, Felipe Bragança já teve experiência em trabalhar com Karim Aïnouz como roteirista em O CÉU DE SUELY (2006) e na minissérie ALICE (2008). Quer dizer, boa companhia ele teve e com certeza deve ter auxiliado muito bem o cineasta cearense em seus ótimos trabalhos.

À trama da garota de 16 anos que vive numa realidade onde só se fala em fim do mundo falta um clima especial para que os momentos de descontração – ou de tristeza – do elenco jovem sejam no mínimo tocantes. Alguns diálogos chegam a constranger. Tudo bem que na vida real se fala muita bobagem, mas às vezes é bem complicado ver isso no cinema. Além do mais, não estamos falando da vida real. O filme em nenhum momento procura ser naturalista. Ao início, com o primo da protagonista fugindo de uns homens desconhecidos que matam seu amigo enquanto ele está fantasiado de monstro numa floresta, falta a magia da natureza dos filmes de seu homenageado, Apichatpong Weerasethakul.

Enfim, não é um filme que faça o espectador dormir, afinal ele é diferente e essa é a sua principal qualidade, mas também chega a aborrecer depois de meia hora. De qualquer maneira, diria que uma revisão se faria necessária para, quem sabe, encontrar algo de belo ou mágico neste A ALEGRIA.

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