sábado, março 12, 2011

PASSE LIVRE (Hall Pass)



E os bons e velhos irmãos Peter e Bobby Farrelly estão de volta às antigas presepadas. Nada contra os seus filmes mais comportados – afinal, meu preferido deles continua sendo AMOR EM JOGO (2005), por razões particulares -, mas estava sentindo falta da ousadia e até da escatologia que fez a fama da dupla em clássicos como DÉBI & LÓIDE – DOIS IDIOTAS EM APUROS (1994) e QUEM VAI FICAR COM MARY? (1998). Já em O AMOR É CEGO (2001), ainda que eles não ligassem muito para o politicamente correto, já se mostravam românticos e o filme até chegou a fazer muita gente chorar. Pois bem.

PASSE LIVRE (2011) é o retorno daquele humor de outrora, que fez tantos dizerem que aquilo era comédia de mau gosto. Ao mesmo tempo, o fato de mostrar dois homens casados vivendo o dilema de desejarem outras mulheres e esse fato ser notado por suas esposas mostram que os irmãos envelheceram e, junto com eles, seus personagens. Mas é um envelhecimento relativo, afinal, quando os personagens de Owen Wilson e Jason Sudeikis recebem o tal “passe livre” de suas esposas, o que significa uma semana para fazer o que quiserem, com as mulheres que quiserem, os irmãos Farrelly mostram que a maturidade mental nem sempre acompanha a maturidade física.

Independente de eventuais falhas que possa ter, PASSE LIVRE é uma das comédias mais engraçadas dos últimos anos, sendo até difícil lembrar de outra tão engraçada quanto. O fato de eles estenderem as piadas até o limite, como na cena da masturbação no carro e a da garota no hotel, mostra o quanto os diretores ainda estão em forma. Sem falar na tal cena da banheira da academia, que ao contrário do que eu esperava, fez rir toda a plateia do cinema, inclusive, o público mais idoso.

PASSE LIVRE se torna ainda mais dinâmico quando sua montagem alterna a diversão dos rapazes com a de suas esposas. Há também uma diversidade de coadjuvantes que só contribui para tornar o filme mais rico. Eles não estão ali apenas para contribuir com mais uma piada; eles têm uma relação com o todo. Tomemos a personagem da babá e a situação embaraçosa no carro envolvendo Owen Wilson. Trata-se de um bom exemplo de como lidar com um personagem bem desenvolvido e uma coadjuvante cujas intenções não são (ainda) claras. E isso ajuda a tornar o filme mais rico. Outra beleza de PASSE LIVRE é ver o quanto a adorável Jenna Fischer pode ter ainda sucesso no cinema, agora que a série THE OFFICE está agonizando.

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