quarta-feira, março 26, 2008

BLOOD AND BLACK LACE (Sei Donne per l'Assassino / Six Women for the Murderer / Blutige Seide)



Tenho o costume de gostar mais dos filmes sobrenaturais dos cineastas góticos italianos do que dos filmes de assassinos seriais. Em se tratando de Dario Argento, por exemplo, prefiro SUSPIRIA e A MANSÃO DO INFERNO a PRELÚDIO PARA MATAR. Do mesmo modo, tenho gostado mais dos trabalhos essencialmente de horror de Mario Bava, como BLACK SUNDAY (1960) e BLACK SABBATH (1963), do que de seus gialli. Mas talvez seja tudo questão de se acostumar com o estilo. O primeiro giallo de Bava que estou tendo contato é este BLOOD AND BLACK LACE (1964), obra que influenciou dezenas de outros filmes, inclusive os do próprio Argento. Tendo em vista a trama cheia de personagens num enredo bem complexo - são personagens demais para um filme de uma hora e meia - trata-se de uma obra que deve se beneficiar de revisões, pelo menos no que concerne à trama.

BLOOD AND BLACK LACE se desenrola numa chique casa de moda de propriedade da Condessa Cristina (Eva Bartok), recentemente tornada viúva e novamente casada com um sujeito de caráter ambíguo. O enredo se inicia com o assassinato de uma das modelos da casa por um misterioso homem vestido de capa e luvas pretas e uma máscara que cobre todo seu rosto. A partir da morte da primeira vítima (pelo título italiano, seriam seis as vítimas), começa uma investigação em torno da morte da modelo e dos prováveis motivos de seu assassinato. Tudo fica ainda mais complicado quando outras mulheres também aparecem mortas e o detetive vai aos poucos percebendo que naquela casa onde aparentemente impera a beleza existe uma rede de intrigas e morte mais complexa do que ele jamais imaginaria. O filme não entrega o assassino logo de cara, fornecendo aos poucos as pistas que levarão a um final surpreeendente. O ator mais conhecido do filme é o americano Cameron Mitchell, no papel do ambicioso marido da Condessa.

Como é de praxe na filmografia de Bava, a utilização das cores é uma de suas mais fortes marcas. Em BLOOD AND BLACK LACE, o vermelho é uma das cores que mais se destacam, embora o filme não seja exatamente sangrento ou violentamente gráfico. As mortes são efetuadas de maneira diferente, como na cena em que uma das mulheres tem o seu rosto "fritado" numa chapa de aço quente. A elegância dos enquadramentos, a beleza da fotografia e das cores e o modo como somos levados a não simpatizar com nenhum dos personagens, tornando-nos até um pouco sádicos nas seqüências das mortes, faz com que o filme se torne uma das obras mais especiais de Bava. Entre as várias seqüências-chave do filme, destaca-se a cena em que uma das mulheres encontra o corpo de uma colega no porta-malas de seu carro e, em vez de contar à polícia, tenta esconder o corpo dentro de sua própria casa.

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