quarta-feira, setembro 26, 2007

TRÊS FIASCOS



Quando não se está com inspiração para escrever bons textos sobre bons filmes, nada como escrever textos rasteiros sobre filmes fracos. E por coincidência, acabei vendo, muito perto um do outro, três títulos que foram verdadeiros fiascos, levando-se em consideração o que se esperava dos diretores ou da fonte inspiradora.

O ÁLAMO (The Alamo)

Acabei vendo O ÁLAMO (1960) depois de ter sabido que John Ford dirigiu algumas cenas desse filme dirigido por John Wayne. Infelizmente, o filme foi uma decepção até para o próprio Wayne. Até porque deve ser algo muito cansativo ter que dirigir, produzir e ainda atuar num filme de ação. Não é pra todo mundo não. (E por isso devemos tirar o chapéu para gente como Kevin Costner e Mel Gibson.) O ÁLAMO foi o projeto dos sonhos de John Wayne, um fã assumido da heróica história dos homens que morreram defendo a liberdade no estado do Texas. Naquela época, o estado era um território pertencente ao México, mas que tencionava tornar-se independente. Acredito que se O ÁLAMO não fosse tão longo, até que seria um bom filme. Mas além da duração excessiva (quase três horas) ainda temos que aturar diálogos açucarados sobre heroísmo, bravura etc. Se fosse um John Ford, tenho certeza que esse patriotismo seria tratado de maneira menos superficial, mas infelizmente o Duke era bom mesmo era na frente das câmeras. No dvd da MGM, vem um documentário legendado em português sobre as filmagens, com duração de 40 minutos. Bom, o documentário.

PERGUNTE AO PÓ (Ask the Dust)

Quando PERGUNTE AO PÓ (2006) estreou nos cinemas brasileiros, eu, como ainda não tinha lido o romance de John Fante, resolvi só assistir a adaptação de Robert Towne depois da leitura. Terminei de ler o livro em julho e só agora aluguei o filme para assistir. Já estava esperando algo muito aquém da beleza do livro, mas não esperava que o resultado final tivesse sido tão ruim. Pra começar, Colin Farrell como o escritor em crise Arturo Bandini não foi uma escolha muito acertada e nem a narração em off ajuda a aproximar o filme do personagem. A melhor coisa acaba sendo as cenas em que Salma Hayek aparece, principalmente a cena da praia, que a mostra nua. A cena dos dois "pegando onda" é boa, dá um frio na barriga até, mas é uma exceção num filme morno. A seqüência do terremoto, como pareceu não ter nenhuma relação com o restante do filme, bem que poderia ter sido excluída. Enfim, pelo visto, a própria decisão de fazerem essa adaptação foi um erro.

OS MENSAGEIROS (The Messengers)

Depois de THE EYE - A HERANÇA (2002), VISÕES (2004) e ASSOMBRAÇÃO (2006), a impressão que se ficou do trabalho dos irmãos Pang foi a de cineastas com um especial cuidado com a imagem - a fotografia, a luz, a direção de arte. E isso era o mínimo que se esperava da estréia dos diretores gêmeos em Hollywood. Infelizmente, OS MENSAGEIROS (2007) só recicla os velhos sustos herdados do cinema oriental e não traz absolutamente nada de novo. Tudo bem que não é nem necessário uma estória muito boa para se fazer um filme bom, mas a falta de criatividade para se construir um bom roteiro é sentido do início ao fim nesse filme. Na trama, Kristen Stewart muda-se com seus pais (Dylan McDermott e Penelope Ann Miller) e seu irmãozinho pequeno para uma cidadezinha no interior. O que eles não sabiam é que a casa era mal assombrada. Mais feijão com arroz que isso não existe. Talvez o único momento de susto tenha sido a cena do close no rosto de Kristen, enquanto ela segura o seu irmãozinho que consegue olhar para o fantasma. E só.

P.S.: Depois de meses na geladeira, saiu a nova edição impressa da Paisà! Reparem na bela capa.

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