sexta-feira, agosto 18, 2006

PSICOSE II (Psycho II)



Sempre que via Richard Franklin comentando nos documentários presentes nos DVDs dos filmes de Alfred Hitchcock, ficava me perguntando: o que esse cara está fazendo aí? Será que PSICOSE II (1983) deve ser levado em consideração, deve ser respeitado? Na minha cabeça, todas essas continuações de PSICOSE (1960) deveriam ser ignoradas, fazer de conta que elas não existem. Mas de uns tempos pra cá, meio que sem querer, comecei a ficar interessado em assistir PSICOSE II. Quando o filme passou na Globo um dia desses, eu perdi. Acordei de madrugada, o filme já estava passando. Eu vi umas partes e me interessei pelo filme a ponto de comprar o DVD nas Americanas, a um preço mais ou menos razoável, num desses momentos de impulsividade consumista. Levei em consideração o fato de o filme ser considerado bom pela maioria das pessoas que o viram. E realmente é um bom filme. É a tal coisa: não se deve de maneira nenhuma tentar compará-lo à obra-prima do grande Hitch.

Uma coisa que eu não sei explicar em relação ao PSICOSE original é o fato de que eu costumo me lembrar de tudo o que acontece até a cena do chuveiro. Depois da morte de Marion Crane (Janet Leigh), o filme fica bem nebuloso em minha memória. Talvez por Hitchcock ter matado a personagem de maior identificação com o público tão cedo. PSICOSE II se inicia justamente com a cena clássica do chuveiro. Daí vem os créditos e as cores aparecem pondo fim ao preto e branco do original. Depois de mais de vinte anos preso, Norman Bates (Anthony Perkins) é libertado. Ele volta para a mesma casa onde ele guardava o cadáver da mãe e para o mesmo motel. A fim de retomar o contato com a sociedade, Bates começa a trabalhar num restaurante local. É lá que ele conhece a personagem de Meg Tilly. E acaba levando a moça para passar uns dias no motel. Quem também está na cidade é Lila Loomis. Isso mesmo, além de Anthony Perkins, quem também está no filme é Vera Miles, novamente no papel da irmã de Marion Crane, tentando de tudo para fazer Norman voltar para o sanatório.

Um dos trunfos de PSICOSE II é que a estória, a cargo de Tom Holland, mantém um mistério interessante no que se refere ao autor dos assassinatos no motel. Quem estaria cometendo os crimes? O próprio Norman Bates ou alguém que está querendo enlouquecer ainda mais o pobre homem? Ou ainda: seriam os crimes de natureza sobrenatural? A velha morta estaria de volta? Ou seria tudo fruto da mente perturbada de Norman? Tudo isso, aliado ao teor mais violento, contribuiu para o sucesso dessa continuação. A direção de Richard Franklin também é bastante elegante. Destaco uma cena em que a câmera desce até o porão para flagrar um casal de jovens que entra na casa de Bates para fumar maconha e fazer sexo.

Interessante levar em consideração o momento em que o filme foi feito. Alfred Hitchcock havia falecido em 1980, mesmo ano em que Brian De Palma dirigiu VESTIDA PARA MATAR, na minha opinião, a mais bela homenagem ao filme de Hitch. No mesmo ano, SEXTA-FEIRA 13, que já se aproveitava do sucesso de HALLOWEEN, de John Carpenter, iniciava uma das mais lucrativas franquias do gênero. Assim, por que não trazer de volta um dos mais famosos psicopatas da história do cinema e, ainda por cima, faturar uma bela grana?

Durante a produção, Anthony Perkins se desentendeu com Meg Tilly. Meg, quando criança, era proibida de ver televisão e por isso nunca tinha visto o PSICOSE original e nem sabia da importância da obra e do porquê de todo o bafafá em torno do retorno de Perkins ao papel que o consagrou. Perkins ficou chateado com o descaso da moça e ficou sem falar com ela durante as filmagens, inclusive, tentando tirá-la do elenco.

Depois desse filme, Norman Bates ainda apareceria em mais duas continuações, PSICOSE 3 (1986), dirigido pelo próprio Perkins, e PSICOSE 4 - A REVELAÇÃO (1990), dirigido por Mick Garris. Um filme chamado BATES MOTEL (1987), embora não traga Norman Bates, se aproveitou do nome e do local para ganhar alguns trocados. BATES MOTEL foi o piloto de uma série de televisão que, graças a Deus, não vingou.

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