
BONITINHA MAS ORDINÁRIA (OU OTTO LARA REZENDE)
- "Negrooooo!!"
- "O mineiro só é solidário no câncer."
- "A única coisa que presta no mundo é o sexo...desde a punheta!! Hahahaha!"
- "Você é um ex-contínuo"
- "Eu sou um ex-contínuo e você é um filho da puta! Um filho da puta!!"
- "Me fode, Cadelão!"
Poucos filmes brasileiros têm momentos tão memoráveis quanto BONITINHA MAS ORDINÁRIA, de Braz Chediak. Claro que o principal mérito do filme está no texto de Nelson Rodrigues, sujeito que falava sobre a decadência da família e da sociedade brasileira como ninguém. Nesse filme, José Wilker é um empregado de uma empresa que é escolhido para se casar com a filha do dono, que, dizem, sofreu um pequeno acidente e perdeu a virgindade. Contaram pra ele que ela (Lucélia Santos) fora estuprada por cinco negões e a família queria abafar o caso, resolvendo arranjar logo um noivo para a moça. Como ele ia receber uma bolada com o negócio e andava numa liseira dos diabos, a proposta era interessante, apesar da humilhação de ser chamado de ex-contínuo e da insinuação de que ele era tão sem caráter quanto o Peixoto (Milton Moraes), o pau mandado do chefe. O problema é que Wilker é apaixonado pela vizinha (Vera Fischer), que é uma "coisinha". Realmente Vera estava no auge da beleza na época desse filme. Ela tinha protagonizado uma série de filmes de sucesso. Uma das cenas memoráveis do filme é uma que mostra Wilker levando Vera para uma caverna, tira a roupa dela e aparece um mendigo gritando "Eu quero também, eu quero também!"
Por falar em coisas memoráveis, até hoje não entendi a tal frase do mineiro, exaustivamente citada durante o filme. Mas quem liga pra isso? O importante é rever Lucélia Santos sendo currada pelos negões; ver suas falas mais constrangedoras; ver o quanto Vera Fischer era gostosa na juventude; rir com a cena do cara vendo pornô com as três irmãs (uma delas, a Cláudia Ohana) e sua velha mãe louca (Miriam Pires), enquanto masturba uma das meninas, falando que a única coisa que presta no mundo é o sexo; ver a miséria que eram os banheiros sem descarga; ver a cena da orgia e outros momentos de nudez gratuita. Comparando com outros filmes baseados em Nelson Rodrigues, continuo achando OS SETE GATINHOS, de Neville D'Almeida, imbatível. Bem mais trágico, chocante e apelativo. E no elenco de coadjuvantes, não podia faltar o velho Wilson Grey.
AS SETE VAMPIRAS
Se BONITINHA MAS ORDINÁRIA tinha um aspecto ainda de filme dos anos 70, AS SETE VAMPIRAS (1986) é puro anos 80, com direito a seqüência videoclipe de Leo Jaime, um dos principais representantes da new wave brazuca da época. São também a cara da década, aqueles penteados e aquela maquiagem horríveis. É uma típica comédia de horror de Ivan Cardoso, cheia de referências aos filmes preferidos do diretor e de R. F. Luchetti, que fez o roteiro do filme, como PSICOSE, de Alfred Hitchcock, e A PEQUENA LOJA DOS HORRORES, de Roger Corman. Juntando-se isso com os Dráculas da Hammer e os filmes dos Trapalhões, deu nessa divertida comédia, que também faz questão de mostrar mulher pelada, entre elas Simone Carvalho, uma das minha musas na infância. Vendo o filme nos dias de hoje, já não acho ela tão bonita. Na história, homem é atacado por uma planta carnívora. Segue-se, depois, uma série de assassinatos que parecem ataques de vampiros. O filme praticamente não tem protagonistas. É mais um desfile de carinhas conhecidas, brincando com suas próprias personas. Além de Nuno Leal Maia, Andréia Betrão, Lucélia Santos e Nicole Puzzi, AS SETE VAMPIRAS ainda tem a participação especial de Dedé Santana, Colé Santana, Tião Macalé, John Herbert, Zezé Macedo, Ivon Cury, Pedro Cardoso e Wilson Grey (o homem estava em todas).