terça-feira, abril 05, 2016
O ANO DAS MEDUSAS (L'Année des Méduses)
Quando a gente começa a se interessar por um filme por causa do sex appeal de uma atriz pode ser sinal de duas coisas: ou estamos mesmo passando por uma fase de carência muito forte ou essa atriz tem algo especial que você não consegue dizer em palavras de modo a fazer muito sentido. É assim Valérie Kaprisky, uma francesa que tem (prefiro usar o verbo no presente, pois o cinema eterniza a beleza) um corpo fantástico, que passa uma carga erótica indescritível.
Esse sentimento que mexe com o coração, o cérebro e as partes baixas que eu tive em relação a Valérie começou com A FORÇA DE UM AMOR (1983), de Jim McBride, uma espécie de refilmagem americana de ACOSSADO, do Godard. Vi na adolescência numa exibição na televisão e fiquei impressionado com ela desde então. Quero poder encontrar uma cópia boa para rever um dia. Pude rever a atriz seis anos atrás em A MULHER PÚBLICA (1984), de Andrzej Zulawski, e o velho sentimento misturado com desejo voltou com a mesma força, até porque o filme tem uma carga erótica maior ainda.
E eis que tenho a chance de vê-la mais uma vez, em um filme menor chamado O ANO DAS MEDUSAS (1984), de Christopher Frank. O filme é um thriller de suspense com uma relativamente forte dose erótica que se passa em uma praia de top less da Riviera Francesa, durante o verão. O diretor, como não é bobo, parece até seguir a cartilha de alguns cineastas da nossa Boca do Lixo, trazendo também uma atriz lindíssima para fazer o papel da mãe da personagem de Valérie e ter "100% de aproveitação". A atriz em questão é Caroline Cellier, que chegou, inclusive, a ganhar o César de melhor atriz coadjuvante por esse papel.
Na trama, Valérie é Chris, uma adolescente que gosta de brincar com os homens, de exercitar o seu poder de sedução, e por isso fica um tanto frustrada quando o namorado de sua mãe, o pouco confiável Romain (Bernard Giraudeau), se mostra um pouco mais resistente a ela. Como o filme é menos ligado à trama e mais à personagem, vamos acompanhando também as provocações que Chris faz a um homem mais velho e casado, e que de tão louco que fica com as brincadeiras da moça, acaba correndo alguns riscos só para encontrar com ela. Nem que seja para levar mais um fora e voltar para casa de mãos abanando.
O filme é um tanto frouxo em sua proposta de gerar suspense e por isso esse elemento só é devidamente enfatizado na parte final, em que experimentamos um pouco mais do veneno de Chris. No fim das contas, O ANO DAS MEDUSAS, se não é um grande filme, apesar de trabalhar bem a questão da auto-obsessão da protagonista, ele fica na memória mesmo pela poderosa presença de cena de Valérie Kaprisky, com seu corpo e olhar fascinantes.
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