quarta-feira, abril 20, 2016

BETTER CALL SAUL – 2ª TEMPORADA (Better Call Saul – Season Two)



Que bom ver que BETTER CALL SAUL começa a sair da sombra de BREAKING BAD e passa a ter identidade própria e que cresce a olhos vistos nesta segunda temporada (2016). Tendo começado de maneira mais despretensiosa como um spin-off da louvada série sobre um homem comum que se torna um poderoso traficante de metanfetamina, a série sobre o colorido e divertido advogado Jimmy McGill (Bob Odenkirk), e que virá a adotar o nome Saul Goodman no futuro e ser especialista em causas de bandidos e picaretas, vai ganhando mais força à medida que o destino esperado do protagonista vai se aproximando.

O fato de já sabermos o fim de sua jornada não diminui nenhum pouco o interesse pela série. Ao contrário, queremos saber mais sobre seu passado, e quando somos apresentados a personagens inéditos como a adorável Kim Wexler (Rhea Seehorn) e ao irmão de Jimmy, o odioso Chuck McGill (Michael McKean), percebemos que há muita coisa interessante a ser contada. Chuck é o cara que a gente aprende a odiar, o exato oposto de Jimmy, o sujeito que consegue ser um calhorda mesmo se achando mais honesto e mais ético que Jimmy, que costuma conseguir as coisas por sua astúcia e por caminhos diferentes do recomendado pelo "livro".

Mas Jimmy é um cara com um coração enorme. E que por isso nos ganha também, assim como também ganha Kim, mesmo ela sendo uma mulher batalhadora e que prefere o caminho que vá de acordo com as leis. E torcemos pelos dois, embora saibamos que a qualquer momento ele a perderá, assim como perderá tudo que conquistou. Muito interessante como a série problematiza essa questão moral desse personagem e do seu irmão de doença estranha. Sabendo que é um trabalho dos mesmos criadores de BREAKING BAD até podemos compreender essa solidariedade por essas pessoas que, mesmo errando, lutam por aquilo que acreditam e enfrentam um sistema que é, em si, corrompido e hipócrita.

Em paralelo, ainda que em menor tempo de narrativa, continuamos a acompanhar a trajetória pregressa de Mike (Jonathan Banks), o velho de olhos tristes como um cão que aqui é apresentado agora como um homem que luta para fazer o melhor para sua nora e sua neta. Como dinheiro não dá em árvores e ele topa qualquer parada, e ainda tem esperteza para agir frente a pessoas perigosas como chefes de cartel de drogas, é natural que seu caminho também vá ser tortuoso. E se a história de Jimmy é mais um drama de família e advogados, a história de Mike é mais aventuresca e cheia de perigos reais e imediatos. Na segunda temporada, Jimmy e Mike encontram-se pouco.

O barato desta tão superior segunda temporada é que o andamento lento é acertadíssimo, nos deixando sempre interessados e até bastante aflitos com os atos dos personagens, suas escolhas e suas consequências. Essa aflição, se pode ser vista como ruim para o espírito, nos mostra que o trabalho de direção, roteiro e dramatização da equipe criativa está bastante afiado. A torcida é para que a série continue sua excelência e consiga chegar ao fim da melhor maneira possível, na próxima ou nas próximas temporadas. Com o gancho deixado na season finale, o futuro próximo de Jimmy, por exemplo, não deve ser dos melhores.

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