terça-feira, novembro 20, 2012

JORGE MAUTNER – O FILHO DO HOLOCAUSTO



É o filme que faltava eu comentar dentre todos os que eu assisti no Festival de Gramado. Demorei a escrever sobre ele porque não tenho intimidade com o trabalho do poeta, compositor e cantor Jorge Mautner para que eu pudesse fazer um texto digno do filme. Aliás, uma das coisas que eu mais lembro nesse festival foi de algo que eu vi na noite de encerramento: Mautner numa cadeira, sozinho, sem nenhum jornalista o entrevistando, talvez esperando que alguém se aproximasse, enquanto outros tantos diretores e artistas de menor importância estavam respondendo às perguntas dos jornalistas.

O fato é que me deu arrependimento de não ter ido lá falar com ele. Mas o que eu falaria? Não me achava suficientemente preparado para entrevistar um artista que conheço tão pouco. E o documentário musical que trata de sua vida e que conta com cenas dele cantando chegou a me dar sono. Acho que estava cansado demais no dia. E quando não se conhece o repertório, a parte musical não fica assim tão interessante. Eu, como conhecia "Vampiro", graças a Caetano Veloso, pude pelo menos saborear esta canção.

O filme fala de sua vida a partir de sua infância, quando seus pais fugiram do Holocausto e se mudaram para o Brasil. O seu interesse pelo candomblé veio por influência de uma babá com quem teve forte contato durante os primeiros anos. Inclusive, para mostrar sua visão miscigenada da religiosidade, ele saiu do palco, logo após apresentar o filme com um dos diretores, Heitor D’Allicourt, dizendo a frase: "Jesus de Nazaré e os tambores do candomblé!", frase que é repetida no filme. Ele também chegou a dedicar a exibição do filme ao músico Nelson Jacobina, que tocou com ele, aparece no filme (ele está na foto, acima) e que faleceu este ano.

JORGE MAUTNER – O FILHO DO HOLOCAUSTO (2012) ganhou surpreendentes três prêmios em Gramado: melhor roteiro, melhor fotografia e melhor montagem. Todo mundo ficou surpreso, principalmente pelo prêmio de melhor roteiro, que geralmente é dado para um filme de ficção. E tendo na competição obras tão boas quanto O SOM AO REDOR, O QUE SE MOVE e SUPER NADA, aí é que não entendemos o motivo do prêmio mesmo. Há quem diga que foi para agradar ao Pedro Bial, um dos diretores, não presente no festival. Mas acredito que não foi por isso, não.

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