sábado, novembro 03, 2012

ATÉ QUE A SORTE NOS SEPARE



É realmente lamentável os rumos que o cinema comercial brasileiro tem tomado. Espero que essa seja apenas uma fase e que logo o público venha a apostar em filmes de qualidade. Em cinema, pelo menos, não num tipo de humor da televisão, estilo ZORRA TOTAL. Sem querer ser saudosista, foi-se o tempo em que o humor televisivo brasileiro prestava. Agora eu não sei o que acontece com esses roteiristas. Não acredito que estamos diante de uma safra de péssimos roteiristas. A impressão que fica é que eles ficaram todos cínicos, no sentido de pensar em dar ao povo o que eles querem ver. Sem ao menos ofertarem uma segunda opção. Deixando claro que estou falando de canal aberto.

ATÉ QUE A SORTE NOS SEPARE (2012) é dessa triste safra e já acumulou mais de dois milhões de espectadores. Sempre estou na torcida pelo cinema brasileiro, mas desse jeito a coisa fica complicada. Será que o raciocínio é de esse tipo de filme vai contribuir para a formação de um novo público fiel ao cinema nacional? Será que o filme de Roberto Santucci é uma diversão descerebrada e que deve ser valorizada como tal? Mas e se o espectador se sentir constrangido? Porque foi assim que eu me senti. E o pior é que antes de começar o filme já vemos a Ingrid Guimarães anunciando DE PERNAS PRO AR 2 (2012), do mesmo diretor, para o fim do ano.

Não resta dúvida de que ATÉ QUE A SORTE NOS SEPARE faz a plateia (ou boa parte dela) rir. E principalmente as crianças. Uma, por exemplo, estava dando gostosas gargalhadas na cadeira detrás da minha. Muito disso vem do tipo de humor do protagonista, vivido por Leandro Hassum, que com suas caras e bocas às vezes lembra o humor ingênuo de palhaços de circo, mas com a diferença que é um palhaço "padrão Globo Filmes de entretenimento".

A história já é conhecida pela veiculação maciça do trailer: casal ganha na loteria e passados quinze anos, o sujeito descobre que já gastou tudo o que tinha e que agora está sem um tostão. Para completar, como a mulher (Danielle Winits) está grávida e é uma gravidez que deve ser tratada com muito cuidado, ele faz o possível para não contar a ela a situação. E é a partir daí que surge uma série de esquetes de humor. A que mais arranca risos da plateia é uma que envolve Aílton Graça, que interpreta o amigo dono de bar do ex-milionário.

Há também uma subtrama do vizinho (Kiko Mascarenhas) e sua esposa, que quer engravidar e acha que o marido é muito racionalista e não vive a vida com plena felicidade, como os vizinhos. É esse vizinho que será o responsável por gerenciar a nova vida do personagem de Hassum.

Se o filme ficasse só na comédia besteirol talvez não fosse tão ruim assim, mas quando começa a apelar para o melodrama xarope no final, como aconteceu com CILADA.COM, aí é que vemos o quanto Santucci e toda a organização por trás da obra não dão a mínima para entregar um produto no mínimo decente. Deixo, então, meus sentimentos, e também uma torcida por uma reviravolta positiva no nosso tão sofrido cinema brasileiro.

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