segunda-feira, novembro 19, 2012

I’M A STRANGER HERE MYSELF



A imagem que fica neste documentário simples que flagra Nicholas Ray longe de Hollywood e tentando passar os seus conhecimentos para um grupo de jovens é a de um senhor velho, abatido e sem um pingo de vaidade. Descabelado, com seu tapa-olhos saindo do lugar, revelando o seu olho cego, Ray já havia sofrido demais na vida e pouco ligava para as aparências físicas. No entanto, ele mostrava um carinho bem forte por aqueles jovens. A cena que o mostra incentivando uma garota a ficar com raiva dele é bem interessante.

Falta a I’M A STRANGER HERE MYSELF (1975), porém, mais consistência, já que ora ele tenta falar da carreira de Ray, exibindo trechos de filmes, ora ele se concentra mais nos bastidores de WE CAN’T GO HOME AGAIN (1976), que recebeu um novo tratamento e foi lançado recentemente em DVD nos Estados Unidos. Inclusive, estou doido pra que alguém faça a gentileza de colocar na rede este filme (com legendas), já que não estou disposto a pagar imposto de importação.

De início, a impressão que fica é que o documentário vai seguir uma linha mais tradicional, já que começa mostrando uma sequência do primeiro filme do cineasta: AMARGA ESPERANÇA (1948). Ray fala do quanto é grato a Elia Kazan, que foi um dos responsáveis por sua entrada em Hollywood, a mesma Hollywood que também o maltratou. E falando em Kazan, ele também o cita, quando questionado sobre sua relação com James Dean em JUVENTUDE TRANSVIADA (1955). James Dean já havia trabalhado com Kazan e já conhecia o "método".

Entre os entrevistados, destaque para François Truffaut, que diz que tem certeza de que JOHNNY GUITAR (1954) é um filme mais importante para a sua vida do que para a vida do diretor. Outra convidada muito bem-vinda é Natalie Wood, que fala de quando foi levada para uma delegacia e, em vez de chamar seus pais, ligou para Ray. Segundo ela, isso foi fundamental para que ele a aceitasse para integrar o elenco de JUVENTUDE TRANSVIADA. No mais, I’M A STRANGER HERE MYSELF cita outros filmes do diretor e acaba sendo um registro meio torto da obra e da vida do poeta da noite.

P.S.: Confiram matéria sobre a vitória do filme AVANTI POPOLO, estrelado por Carlos Reichenbach, em uma mostra especial no Festival de Roma. Há também lista dos premiados do festival. Confira AQUI.

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