quarta-feira, janeiro 13, 2010

A NOITE DO DEMÔNIO (Night of the Demon / Curse of the Demon)























Devo ser muito distraído, pois não lembro de nenhum comentário sobre ARRASTE-ME PARA O INFERNO, de Sam Raimi, ligando-o ao clássico A NOITE DO DEMÔNIO (1957), que Jacques Tourneur dirigiu na Inglaterra. Ambos os filmes mostram pessoas atormentadas por um demônio e tendo os seus dias contados até a chegada do chifrudo. Que surpreendentemente aparece logo no começo do filme. Isso contraria um pouco a proposta dos filmes produzidos por Val Lewton nos anos 40, dos quais Tourneur foi peça fundamental. Se em SANGUE DE PANTERA (1942), o lema era não mostrar o "monstro", apostando mais na sugestão, a aparição do monstrengo logo no prelúdio de A NOITE DO DEMÔNIO foi uma supresa pra mim. A figura do diabão soltando fumaça ficou um pouco datada, devido à evolução dos efeitos visuais, mas o desenrolar da trama e a expectativa de sua ameaçadora chegada fazem com que temamos pela vida do protagonista.

Logo no começo do filme, vemos um senhor muito aflito se dirigindo à casa de um homem misterioso e de aspecto vilanesco pedindo-lhe desesperadamente para que reverta o feitiço. Ao ir embora, porém, o demônio chega para lhe pegar. Depois da terrível fatalidade, somos apresentados aos dois personagens principais, ambos num desconfortável voo: o psiquiatra renomado vivido por Dana Andrews e a jovem que está sentada logo atrás dele, interpretada pela bela Peggy Cummins, hoje mais lembrada pelo papel marcante em MORTALMENTE PERIGOSA, de Joseph H. Lewis. Logo saberemos que ela é sobrinha do senhor morto no início do filme. Tanto o psiquiatra quanto ela estão ao encontro da vítima, sem saberem que ele foi assassinado pelo demônio. O psiquiatra é avesso a superstições, não acredita em demônios ou qualquer forma de misticismo e é especialista em desvendar fenômenos paranormais. O que ele não sabia é que se tornaria a próxima vítima do maligno bruxo.

Curiosamente, até para seguir o aprendizado de sua fase áurea nas produções de Val Lewton, Tourneur não queria que fosse mostrado explicitamente o monstro. Sua aparição se deve a uma imposição do estúdio. De qualquer maneira, gostando-se ou não do monstrengo, a presença do ameaçador bruxo ajuda a tornar a atmosfera do filme bem opressora. O fato de se passar numa região rural da Inglaterra e de aproveitar o mistério em torno do monumento de Stonehenge, das runas e de toda a cultura pagã que se tornou um enigma depois da chegada do Cristianismo à região contribui para tornar A NOITE DO DEMÔNIO bastante misterioso e tenso. E talvez até seja uma grande bobagem misturar demônios com runas, mas o importante é que isso funciona muito bem a favor do filme.

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