sexta-feira, janeiro 22, 2010

O TERCEIRO TIRO (The Trouble with Harry)























Um dos filmes mais leves de Alfred Hitchcock, cujo trabalho anterior havia sido o glamouroso LADRÃO DE CASACA (1955), obra que encerraria sua brilhante parceria com a princesa Grace Kelly. Em O TERCEIRO TIRO (1956), Hitch continuou praticamente com a mesma equipe que trabalhava com ele pelo menos desde JANELA INDISCRETA (1954): o roteirista John Michael Hayes, o produtor Robert Coleman, a hoje lendária figurinista Edith Head, o diretor de fotografia Robert Burks, os cinegrafistas Hal Pereira e John Goodman. A novidade na equipe e que marcaria profundamente os demais trabalhos do diretor é a inclusão do músico Bernard Herrmann, que trabalharia com o cineasta nos próximos sete filmes. Tanto que, quando se fala em Herrmann, imediatamente se pensa em Hitchcock, de tão marcante que foi a parceria.

Em O TERCEIRO TIRO, Herrmann faz um trabalho bem próximo da proposta do filme, que é um pouco atípico na filmografia americana de Hitchcock, já que é uma comédia bem leve, não é um filme de suspense. O diferencial - e que é a cara do diretor - é o tema mórbido, sobre um cadáver encontrado num bosque. É o Harry do título original. A princípio, o velho capitão interpretado por Edmund Gwenn acredita que o corpo, que tem uma marca de sangue na cabeça, foi vítima de um dos três tiros que ele deu, tentando caçar um coelho. Ele tenta esconder o corpo, mas uma série de pessoas aparece e a confusão está armada. Daí em diante é um enterra-desentarra o corpo que torna o filme uma ótima diversão. O engraçado é o modo indiferente com que as pessoas tratam o corpo. Até mesmo a esposa do falecido, interpretada por uma bela e jovem Shirley MacLaine, estreando no cinema, não liga se o marido morreu. Na verdade, pra ela é até um alívio.

De acordo com Hitchcock, em entrevista a François Truffaut, o galã do filme, John Forsythe, tornou-se muito popular na televisão e estrelou um de seus primeiros programas de sessenta minutos, o ALFRED HITCHCOCK PRESENTS (1955-1956). Aliás, estou na dúvida se revejo os dois filmes que restam para finalizar a minha segunda peregrinação pela obra de Hitchcock ou se começo a ver logo a primeira temporada dessa série de Hitch. No documentário presente no dvd da Universal, a série é citada. Marcou época e sem ela provavelmente não haveria PSICOSE (1960). O documentário de cerca de meia hora é um dos menos interessantes da coleção, mas traz, como sempre, algumas informações importantes. No fim das contas, considero O TERCEIRO TIRO um Hitchcock menor, ainda que toda a proposta do diretor tenha sido um sucesso. Mas é um filme que tem o seu fã-clube.

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