quinta-feira, dezembro 31, 2009

TOP 20 2009 E O BALANÇO DO ANO

1. BASTARDOS INGLÓRIOS, de Quentin Tarantino
2. AMANTES, de James Gray
3. GRAN TORINO, de Clint Eastwood
4. ARRASTE-ME PARA O INFERNO, de Sam Raimi

5. A TROCA, de Clint Eastwood
6. LOKI - ARNALDO BAPTISTA, de Paulo Henrique Fontenelle
7. DESEJO E PERIGO, de Ang Lee
8. O LUTADOR, de Darren Aronofsky

9. FATAL, de Isabel Coixet
10. O CURIOSO CASO DE BENJAMIN BUTTON, de David Fincher
11. FOI APENAS UM SONHO, de Sam Mendes
12. ANTICRISTO, de Lars Von Trier

13. A BELA JUNIE, de Christophe Honoré
14. LEONERA, de Pablo Trapero
15. NA MIRA DO CHEFE, de Martin McDonagh
 16. ABRAÇOS PARTIDOS, de Pedro Almodóvar

17. UMA PROVA DE AMOR, de Nick Cassavetes
18. O CASAMENTO DE RACHEL, de Jonathan Demme
19. UM CONTO DE NATAL, de Arnaud Desplechin
20. PRESSÁGIO, de Alex Proyas

Não foi dos melhores anos. Foi um ano desafiador. E "desafiador" é um eufemismo para não dizer que foi um ano ruim, afinal, é preciso conhecer o fel para valorizar o mel. E assim a gente vai se consolando com o que tem. 2009 também foi um ano fraco para os filmes. Pelo menos entre os lançados no circuito brasileiro. E essa opinião é quase unânime. Distribuidoras sem noção deixando de lançar filmes importantes e com potencial comercial nos cinemas - À PROVA DE MORTE, do Tarantino, continua no limbo -; GUERRA AO TERROR lançado direto em dvd; as projeções digitais da Rain cada vez mais insatisfatórias; um razoavalmente tradicional festival de cinema francês entrando em franca decadência; a falta de relançamentos de clássicos em cópias novas em nossos cinemas; e o filme mais aguardado do ano não era tudo que eu esperava. Por isso que muita gente tem optado por fazer a sua listinha de final de ano totalmente independente dos lançamentos do circuito. Afinal, a internet tem facilitado a vida de muita gente e trazido a alegria para os cinéfilos, que agora dispõem de filmes que levariam muito tempo e dinheiro para um dia conseguir assistir. Eu, no entanto, continuo me baseando em filmes vistos apenas no cinema para a elaboração da listagem.

E se não tivemos À PROVA DE MORTE, tivemos o maravilhoso BASTARDOS INGLÓRIOS, não apenas o melhor filme do ano, mas também forte candidato a melhor da carreira do diretor. Tarantino brinca de recontar a História à sua maneira e se vinga dos nazistas por nós, usando a arma que ele tem: o cinema. E falando em grandes diretores, um ano que traz dois filmes de Clint Eastwood não pode ser de todo ruim. GRAN TORINO e A TROCA são mais dois grandes exemplos da vitalidade desse diretor fantástico e discípulo de John Ford, que cada vez mais se firma como um dos gigantes do cinema mundial. Entrando em sintonia com o drama de uma mãe em busca de seu filho em A TROCA, está o argentino LEONERA, de Pablo Trapero, sobre o amor de uma mãe e a coragem de enfrentar as adversidades, em registro realista.

Em geral, a listinha de melhores é até um pouco óbvia. Outro filme que tem aparecido entre os favoritos das principais listas é AMANTES, de James Gray, que lida com o tema do coração partido de uma forma que entrou em sintonia com um momento que eu estava vivendo. E ver a dor do outro, sentindo a sua própria, tem algo de mágico, apesar de tudo.

Interessante notar que quase todos os filmes lidam com a dor, de uma maneira ou de outra. Será que a falta de comédias, digo, comédias realmente boas, não é reflexo de um tempo mais triste? De uma sociedade mais pessimista e amarga? Da lista, o que mais se aproxima de uma comédia é um filme de horror sobre uma garota atormentada por um espírito maligno! Trata-se da volta triunfal de Sam Raimi ao gênero que o consagrou no divertidíssimo ARRASTE-ME PARA O INFERNO. Outro da lista que nem dá pra classificar como comédia é NA MIRA DO CHEFE, que foi lançado em São Paulo no ano passado, mas que só chegou aqui no comecinho do ano.

Quanto ao cinema nacional, se no ano passado eu tive o prazer de colocar três títulos no meu top 20, neste ano os lançamentos foram uma tristeza, com alguns filmes que me decepcionaram e outros de que eu não esperava nada mesmo. Houve uma tendência para comédias leves e documentários musicais. E foi justamente dessa leva que surgiu o filme que salvou a pátria: LÓKI - ARNALDO BAPTISTA, o doc mais emocionante do ano.

Falando em emoções, o melodrama UMA PROVA DE AMOR, de Nick Cassavetes, trafega por um território perigoso: o dos filmes chorosos de doenças. Mas faz com elegância e coragem. Foi o filme que mais me fez chorar em 2009. E cá pra nós, eu adoro filme pra chorar. DESEJO E PERIGO, talvez o melhor trabalho de Ang Lee, não é bem um filme para chorar. Mas é dessas obras que se instalam como agulhas em nosso coração.

Da safra de filmes do Oscar do início do ano, fui um dos que gostaram de O CURIOSO CASO DE BENJAMIN BUTTON, de David Fincher, e de FOI APENAS UM SONHO, de Sam Mendes. Dois trabalhos que não foram tão unânimes na apreciação geral. O CASAMENTO DE RACHEL é a volta de Jonathan Demme a um tipo de cinema mais pessoal, mais parecido com o que ele fazia no início da carreira. O LUTADOR, de Darren Aronofsky, traz uma interpretação monstruosa de Mickey Rourke num dos mais belos filmes sobre perdedores já feitos.

Talvez a surpresa da lista para quem acompanha o blog seja ANTICRISTO. O filme de Lars Von Trier foi recebido por mim com muita reserva, com os dois pés atrás. Mas é impressionante como a força das imagens permaneceu em minha memória. Não consigo parar de me lembrar de Charlotte Gainsbourg enlouquecida na floresta. Entre outras tantas sequências fantásticas. É, sem dúvida, um filme especial.

Quanto ao cinema europeu, os filmes de Pedro Almodóvar sempre são muito aguardados. E ABRAÇOS PARTIDOS é um filme que o tempo se encarregará de torná-lo um dos mais importantes da carreira do diretor. Ou não. Ou depende dos olhos de quem vê. Da França, temos os talentos de dois cineastas da nova geração: Arnaud Desplechin e Christophe Honoré, com, respectivamente, UM CONTO DE NATAL e A BELA JUNIE.

Entre os menos óbvios da lista, destaco FATAL, de Isabel Coixet, que chegou atrasado no circuito local e me tocou muitíssimo. Também não muito óbvio, mas um filme que tem seus admiradores é PRESSÁGIO. Esse sim o grande filme sobre o fim do mundo. Nada de Emmerich.

Os piores

Não poderia faltar a lista dos odiados. Dureza encontrar só cinco nesse ano tão farto, mas seguem os "desfavoritos" da casa:

1. SINÉDOQUE, NOVA YORK
2. X-MEN ORIGENS - WOLVERINE
3. THE SPIRIT - O FILME
4. TRANSFORMERS: A VINGANÇA DOS DERROTADOS
5. A VERDADE NUA E CRUA

As séries

A cada ano, grandes séries surgem e são uma verdadeira tentação. E, por mais que eu evite ver novas - afinal já tenho compromisso com tantas -, aparece uma série como MAD MEN para virar a mesa. Do mesmo canal, também pude curtir a primeira temporada de BREAKING BAD. FAMÍLIA SOPRANO e SEINFELD são séries que já acabaram, mas que eu ainda estou no caminho. HOUSE é outra que estou vendo com atraso.

Alguns destaques:

- O grande acontecimento do ano na televisão foi a histórica reunião do elenco de SEINFELD em CURB YOUR ENTHUSIASM;
- PRISON BREAK chega ao seu final, com certo cansaço, mas fecha com muita emoção;
- 24 HORAS renasce das cinzas depois de uma temporada ruim e mostra que Jack Bauer ainda tem muito gás;
- Mesmo caso de DEXTER, cuja quarta temporada foi fantástica;
- LOST continua fascinando os fãs e se assumindo definitivamente como uma ficção científica sobre viagens no tempo;
- ENTOURAGE se assume como uma comédia romântica, com ótimos resultados;
- As atuais temporadas de THE BIG BANG THEORY e THE OFFICE não estão tão boas, mas as temporadas anteriores foram ótimas;
- TRUE BLOOD é outra que foi descoberta por mim neste ano, mas que já caiu de qualidade na segundona;
- Também não manifestei o mesmo entusiasmo pela segunda de IN TREATMENT.

Puxa, quanta série, hein!

A minissérie

JOHN ADAMS. Porque foi a única vista. E porque foi a melhor produção para a televisão que eu já vi em muitos anos. Obra-prima.

Top 5 "Musas do Ano"

Faltou uma brasileira na lista. Podia ser a Luana Piovani, mas ela já foi melhor e não é páreo para essas moças aí abaixo, seja em qualquer quesito: beleza, gostosura, encanto, glamour. As meninas que eu gostaria de levar pra casa:

1. Carole Brana (ERÓTICA AVENTURA)
2. Sasha Grey (CONFISSÕES DE UMA GAROTA DE PROGRAMA)
3. Diane Kruger (BASTARDOS INGLÓRIOS)
4. Mélanie Laurent (BASTARDOS INGLÓRIOS)
5. Nadine Labaki (CARAMELO)

Melhores vistos em DVD, DIVX ou VHS

Foi uma tarefa de dolorosos cortes chegar nestas vinte pérolas. Deixei de fora dois curtas fantásticos (LA JETÉE e A PADEIRA DO BAIRRO). Em ordem alfabética, os vinte melhores longas vistos pela primeira vez na telinha em 2009:

A REGRA DO JOGO, de Jean Renoir
A RELIGIOSA, de Jacques Rivette
A ÚLTIMA CASA, de Dennis Iliadis
AMAR FOI MINHA RUÍNA, de John M. Stahl
AMOR À TARDE, de Eric Rohmer
AURORA, de F.W.Murnau
AVERE VENT'ANNI, de Fernando di Leo
CALAFRIOS, de David Cronenberg
CIDADE TENEBROSA, de André De Toth
ERÓTICA AVENTURA, de Jean-Claude Brisseau
ESCRAVAS DO DESEJO, de Harry Kümel
FUGA DO PASSADO, de Jacques Tourneur
GUERRA AO TERROR, de Kathryn Bigelow
MÁRTIRES, de Pascal Laughier
MATA, BEBÊ, MATA, de Mario Bava
NOITES BRANCAS, de Luchino Visconti
PROFISSÃO LADRÃO / RUAS DE VIOLÊNCIA, de Michael Mann
UMBERTO D., de Vittorio De Sicca
VÍCIO FRENÉTICO, de Abel Ferrara
VIDAS SEM RUMO, de Francis Ford Coppola

Revisões

A cada ano, ao que parece, o número de filmes revistos aumenta. Acho que 2009 foi o meu recorde: quinze revistos.

A ESTALAGEM MALDITA, de Alfred Hitchcock
A LEI DO DESEJO, de Pedro Almodóvar
A MANSÃO DO INFERNO, de Dario Argento
DE REPENTE NUM DOMINGO, de François Truffaut
ENRAIVECIDA - NA FÚRIA DO SEXO, de David Cronenberg
JANELA INDISCRETA, de Alfred Hitchcock
MATADOR, de Pedro Almodóvar
O ILUMINADO, de Stanley Kubrick
OS 39 DEGRAUS, de Alfred Hitchcock
PACTO SINISTRO, de Alfred Hitchcock
SCANNERS - SUA MENTE PODE DESTRUIR, de David Cronenberg
SOB O SIGNO DE CAPRICÓRNIO, de Alfred Hitchcock
THE BROOD - OS FILHOS DO MEDO, de David Cronenberg
UMA VIAGEM PESSOAL ATRAVÉS DO CINEMA AMERICANO, de Martin Scorsese e Michael Henry Wilson
VIDEODROME - A SÍNDROME DO VÍDEO, de David Cronenberg

Feliz ano novo!

Lembro que no final de 2008, muita gente já estava desejando feliz 2010, pois as perspectivas para 2009 não eram das melhores. Lembrei-me da virada de 1990 para 1991, quando Collor de Mello dizia que 91 seria um ano cinza. E de fato foi. Portanto, as vibrações positivas para 2010 já são muito melhores. Vamos colher os frutos plantados. Que o próximo ano nos traga paz, prosperidade, amor em todas as esferas, sucesso profissional, saúde, prazer e muita vontade de viver. São os meus votos para todos os leitores deste blog. Eu, inclusive. :) Até 2010!

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