quarta-feira, dezembro 16, 2009

O SOLISTA (The Soloist)























O novo trabalho de Joe Wright tem cara de filme feito para ganhar Oscar. E com razão tem sido esnobado pelas premiações e passou em branco nas indicações do Globo de Ouro, divulgadas ontem. A situação deve se repetir com o Oscar. O SOLISTA (2009) talvez objetivasse principalmente premiar os atores Jamie Foxx e Robert Downey Jr. Uma pena que o filme seja tão destituído de emoção. A única emoção que sentimos é de incômodo. Incômodo com uma história que não cativa, com personagens sem o menor carisma e tentativas frustradas de emocionar. Wright até usa um daqueles planos gerais, com a câmera se afastando e dando uma enorme panorâmica da paisagem feia de uma Los Angeles pouco vista nos filmes, mas isso não ajuda muito.

A impressão que tive foi que Wright se sentiu tão mal quanto nós, espectadores, ao fazer essa história mais intimista. Depois de dois belos filmes de época cheios de glamour - ORGULHO E PRECONCEITO (2005) e DESEJO E REPARAÇÃO (2007) -, que podiam vez ou outra mostrar uma veia épica, talvez Wright tenha se sentido engessado. O que acabou afetando também o seu talento como contador de histórias. Agora, se a intenção do filme é mesmo tornar tudo desagradável para o espectador, numa forma de nos deixar sentindo como se estivéssemos no inferno da cabeça de Nathaniel Ayers (Jamie Foxx), ou nos abrigos para doentes mentais pobres ou nas ruas cheias de mendigos, talvez até que O SOLISTA tenha sido bem sucedido.

Na trama, Robert Downey Jr. é um colunista do Los Angeles Times que vê na figura de um mendigo capaz de tocar violino um prato cheio para uma de suas colunas. Assim, ele procura saber do passado de Nathaniel Ayers. E o filme nos fornece, através de flashbacks, alguns momentos do passado de Nathaniel, de como ele, desde criança, sempre foi um entusiasta de música e de como aprendeu violoncelo na mesma medida que foi se tornando mais mentalmente instável, até adquirir o que o filme chama de esquizofrenia. O jornalista acaba se envolvendo mais do que esperava na vida de Nathaniel, tornando-se seu único amigo.

Pena que esse sentimento de amizade nunca seja sentido no filme. E Wright não consegue o mínimo de ternura para emocionar a plateia, por mais que se perceba suas tentativas. Espera-se que ele volte à boa forma com o que ele sabe fazer de melhor, filmes de época luxuosos. INDIAN SUMMER é o nome de seu novo projeto, previsto para 2011 e já contando com Cate Blanchett no elenco.

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